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Depoimento de Marina e postergado

JB, Pais, p.A5
22 de Mai de 2004

Depoimento de Marina é postergado
Câmara quer ouvir ministra sobre possíveis irregularidades no Ibama

Luiz Queiroz
BRASÍLIA - O governo tem conseguido evitar que a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, seja ouvida em audiências públicas nas comissões da Câmara que investigam irregularidades no Ibama. Porém, para negociar o não envolvimento da ministra com esses escândalos o governo entregou o presidente do órgão, Marcus Barroso Barros, à própria sorte.
Nas negociações com deputados da oposição, parlamentares do PT afirmam que primeiro deve-se ouvir Marcus Barros sobre as irregularidades. Se ele não se sair bem, os petistas prometem apoiar a convocação da ministra. Politicamente, pode ser a sentença de morte do presidente do Ibama, pois seu desempenho evita o constrangimento de a ministra dar explicações sobre sua administração.
Diminuiu a pressão exercida pelo ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, na proteção a Marina contra requerimentos de deputados da oposição. Agora quem vem atuando na defesa dos interesses da ministra ou de Barros são os deputados do PT e a assessoria parlamentar do órgão.
Apesar de o Palácio do Planalto tentar empurrar para debaixo do tapete esses escândalos, que vão desde a suspeita doação de mogno para ONGs - sem critério ou fiscalização - até a contratações de empresas de consultoria de parentes sem licitação, o presidente do Ibama terá de comparecer a pelo menos quatro audiências públicas para explicar as denúncias de corrupção feitas por funcionários contra sua direção.
Apenas na Comissão de Meio Ambiente foram aprovados dois dos três requerimentos de autoria do deputado Carlos Willian (PSC-MG). Numa das audiências, o parlamentar mineiro conseguiu levar ao plenário da comissão todos os envolvidos com processos de doação de mogno da região de Altamira (PA). Willian também quer ouvir a direção do Ibama sobre a contratação da empresa de consultoria Stratégia, de propriedade do concunhado do ex-diretor de Gestão Estratégica do órgão, Leonardo Tinoco. O deputado mineiro ainda tem requerimento em suspenso que propõe criação de comissão de fiscalização para investigar as atividades administrativas questionadas pelos funcionários do próprio órgão.
Além desses requerimentos, a Comissão de Fiscalização e Controle ouvirá Marcus Barros sobre denúncia feita pelo JB de superfaturamento em projeto ambiental elaborado pelo Conselho Nacional de Seringueiros, que poderá ser financiado pelo BNDES. O requerimento é de autoria do deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB/PR).

JB, 22/05/2004, p. A5

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