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Denúncia não impede morte de agente do Ibama

OESP, Vida, p. A18
17 de Nov de 2006

Denúncia não impede morte de agente do Ibama
Desde outubro, voluntários fazem queixas; assassinato foi na 3ª-feira

Liège Albuquerque

Agentes ambientais voluntários do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) de quatro comunidades ao longo do Rio Jauaperi, em Barcelos, a 396 km de Manaus, já haviam alertado a superintendência do órgão no Amazonas sobre ataques à bala por parte de tartarugueiros (caçadores ilegais de tartarugas).

O rio divide os Estados do Amazonas e Roraima e é um afluente do Rio Branco, onde na terça-feira um agente do Ibama de Roraima, José Santos, foi assassinado supostamente pelo mesmo grupo de tartarugueiros. O corpo de Santos foi encontrado ontem em uma praia do Rio Branco.

'Nós não temos dúvidas de que são os mesmos tartarugueiros que nos ameaçam no Jauaperi, onde vivem 120 famílias em oito comunidades. Eles estão sempre armados e nós não temos nada para nos defender', explica o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Aldenor Sobrinho Barbosa. Ele é um dos responsáveis pelo envio de cartas ao Ibama, a primeira no dia 25 de outubro, denunciado as ameaças dos tartarugueiros.

Segundo o superintendente do Ibama no Amazonas, Henrique dos Santos Pereira, não há fiscais contratados pelo órgão na área onde os ribeirinhos reclamaram da presença de tartarugueiros armados, só 11 agentes voluntários.

'São pessoas da própria comunidade treinadas para abordar quem derruba árvores ou faz pesca proibida', diz a coordenadora do programa de agentes voluntários do Ibama no Amazonas, Anete Barroso Amâncio.

Segundo ela, a região necessita de pelo menos mais 50 agentes. 'Eles são treinados para uma abordagem pacífica, nenhum pode ter porte de arma e devem comunicar ao Ibama e à Polícia Federal qualquer ameaça de violência', diz Anete. No Amazonas, há 1.269 agentes voluntários.

Na segunda-feira, segundo Pereira, dez fiscais do Ibama e três policiais federais devem reforçar a equipe de 20 agentes do Ibama e 6 policiais federais que está investigando o ataque.

R$ 1 MIL POR TARTARUGA

Os tartarugueiros costumam caçar de novembro até dezembro, quando os rios secam e os animais buscam os bancos de areia para desovar.

No mercado negro em Manaus e Belém, uma tartaruga grande com cerca de 20 quilos pode custar até R$ 1 mil. Segundo dados do Ibama, em 2004 foram apreendidos 4,9 mil quelônios em blitze no Amazonas. Em 2005, foram 2,5 mil. Há 57 criadouros legalizados no Estado.

OESP, 17/11/2006, Vida, p. A18

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