Degradação ambiental prejudica índios

Para o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a ocorrência de invasões em áreas indígenas - e manutenção das mesmas - têm como fator principal a conivência política. "Existem, sim, os fatores sociais e econômicos, mas eles são mantidos pela conveniência política, de um sistema que não leva em conta o povo, especialmente os menos favorecidos, trabalhadores rurais, ribeirinhos, extrativistas, índios e demais segmentos que, na verdade, são os que sustentam esse País. Há descaso e falta de uma política agrícola séria e de assistência", diz a assessora jurídica do Cimi, advogada Maria Cecília Filipini (Bia).
Assim como a advogada, o coordenador regional do Cimi, em Rondônia, Volmir Bavaresco, garante que as invasões estão trazendo sérias conseqüências, não apenas para as comunidades indígenas, mas sobretudo para o meio ambiente. No caso da exploração ilegal de madeira, algumas espécies já estão ameaçadas de extinção, como mogno e cerejeira, por exemplo.
"É importante destacar ainda que na retirada dessas árvores, máquinas pesadas são utilizadas, arrebentando toda a vegetação por onde passam. No manejo sustentável, os ciclos de corte são, geralmente, 20 e 30 anos. Isso significa que pouco a pouco a floresta primária vai se tornar uma floresta secundária, e entra numa fase de desequilíbrio", explica Bavaresco.
Segundo Filipini, para as comunidades indígenas, os prejuízos são incalculáveis. "Em primeiro lugar, destróem o meio ambiente, seu habitat natural. Com essa destruição, desaparecem as caças, bem como grande parte das espécies frutíferas - e outras espécies alimentares, tradicionalmente usadas na alimentação", diz a assessora jurídica do Cimi.
De acordo com Bavaresco, as invasões das terras indígenas por madeireiros "prejudicam, ainda, ou seja, interferem no sistema de equilíbrio sócio-político e econômico, haja vista que os povos indígenas, ao longo de milhares de anos, desenvolveram costumes que os mantêm ou, pelo menos, mantinham em total equilíbrio com a natureza.