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Degelo torna inverno mais severo

O Globo, Ciência, p. 28
28 de Fev de 2012

Degelo torna inverno mais severo
Perda de gelo no Ártico impacta diretamente Europa e América do Norte

O contínuo derretimento do gelo no mar Ártico pode estar contribuindo para a recente onda de invernos rigorosos na Europa e na América do Norte. Pesquisadores ainda não sabem exatamente o quão importante é a perda de gelo na região polar para as temperaturas da estação.
Mas a variabilidade climática registrada desde dezembro do ano passado é um lembrete de que diferentes fatores estariam em jogo.
Jiping Liu, do Instituto de Tecnologia Geórgia, em Atlanta, cruzou dados sobre perda de gelo e condições climáticas das últimas três décadas e encontrou uma relação entre a extensão do gelo no mar Ártico e invernos mais frios e com mais neve nas regiões imediatamente ao sul.
- O estudo acrescenta fortes indícios à ideia de que o degelo no mar Ártico está levando a um aumento dos invernos rigorosos - afirma Adam Scaife, do Escritório de Meteorologia do Reino Unido, o Met Office, lembrando que o seu grupo também já havia encontrado indícios nesse sentido.
Já está bem estabelecido que a drástica perda de gelo ártico faz com que os efeitos do aquecimento global sejam sentidos de forma ainda mais intensa na região - num ciclo vicioso. Menos gelo significa mais água exposta - que, sendo mais escura que o gelo, absorve mais energia solar. Para complicar ainda mais, com menos gelo para isolar o oceano mais quente do ar acima dele, mais dessa energia é enviada de volta para a atmosfera na forma de calor.
O resultado é que o ar do Ártico está significativamente mais quente do que antes. Em alguns anos, as temperaturas no inverno já chegaram a 4 graus acima da média - uma diferença muito grande.
As coisas ficam ainda mais complicadas quando se tenta entender como esse sistema afeta o clima um pouco mais ao sul da região. Quando o inverno no Ártico é mais quente - e há menos contraste entre as temperaturas na região polar e nos trópicos - os ventos tendem a alcançar o sul da região (ou seja o norte da Europa e da América do Norte) e, então, perder sua força. Isso é chamado de "oscilação negativa do Ártico". Durante essas fases negativas, as correntes de ar chegam mais quentes no Mediterrâneo e os ventos mais frios e secos do ficam sobre os continentes mais ao norte.
Outros fatores, no entanto, contribuem para alterações significativas do clima na região, como os fenômenos El Niño e La Niña. O ideal, dizem, seria conseguir um modelo único, que levasse em conta todas as variáveis.

O Globo, 28/02/2012, Ciência, p. 28

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