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Das tribos direto para a UFMG

O Tempo (MG) - http://www.otempo.com.br/otempo
Autor: Tereza Rodrigues
07 de Abr de 2010

Krenak, pataxó, tupiniquim, tuxá e xakriabá. Essas são as etnias dos mais novos alunos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Desde o dia 5, até o dia 9 de abril, os 12 alunos aprovados no primeiro vestibular para indígenas da universidade participam da Semana do Calouro. Eles experimentam a sensação de fazer parte de uma das instituições educacionais mais respeitadas do país.

Entre as quatro mulheres e os oito homens que ingressaram na primeira seleção, realizada no início de março, um dos mais empolgados é o tupiniquim Guldierri Rui Benedito, 19. No ano passado, ele concluiu o Ensino Médio em uma escola pública de Aracruz (ES), cidade mais próxima de sua aldeia. E, como é comum a tantos calouros da sua idade, a expectativa maior é se o curso vai ser mesmo tão interessante quanto ele imagina. "Escolhi ciências biológicas porque acho que vai proporcionar um bom retorno para minha comunidade. Precisamos muito de capacitação lá. Acho que vai ser um período de muita aprendizagem", disse.

A adaptação é outro fator que gera ansiedade entre os calouros indígenas e também entre os profissionais da UFMG. O reitor Clélio Campolina, que os recebeu na manhã de ontem, se mostrou satisfeito com a integração, mas preocupado com possíveis dificuldades. "Faremos o que for possível para oferecer a assistência que precisarem. Estamos abertos para discutir e aperfeiçoar essa nova experiência", declarou.

Um convênio entre a Fundação Nacional do Índio (Funai), a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação (MEC) e a UFMG tornou viável o subsídio e a abertura dessas vagas em cursos regulares. Os indígenas receberão auxílios, como uma bolsa no valor de R$ 300, moradia e material didático. Isso representa um alívio para os primos Kaypunã Braz da Conceição, 23, e Sinaré Ressurreição Braz, 23. Eles são da comunidade pataxó que fica próximo a Carmésia, no Vale do Rio Doce. "Eu quero aproveitar bem a chance de fazer faculdade porque na nossa aldeia não teríamos condições financeiras de investir nessa formação", conta Kaypunã.

Já Sinaré teme pela saudade e pela diferença entre as culturas. "Nossa família está feliz e triste ao mesmo tempo. Acho que vai ser bom, mas o início é sempre difícil", Desde a inscrição para o vestibular, a Funai acompanha o projeto. Todos os aprovados assumiram o compromisso de atuar em suas comunidades após o término dos cursos.

Curso de pedagogia foi pioneiro
A UFMG já oferece, desde 2006, o curso de licenciatura intercultural indígena, que visa habilitar educadores indígenas para atuar como professores de ensino fundamental e médio em suas respectivas comunidades.
As aulas acontecem na Faculdade de Educação (FAE) e são ministradas de forma modular, para que eles não precisem se desvencilhar de suas aldeias por períodos longos.
"A experiência no curso de pedagogia foi fundamental para conseguirmos inserir os indígenas nos cursos regulares", disse a professora de antropologia Ana Gomes. (TR)

Auxílio
Moradia. Os calouros indígenas ganharam direito a auxílio financeiro e moradia, oferecidos por meio de parceria com a Funai, o MEC e a UFMG. Em contrapartida, terão que atuar em suas comunidades logo que terminarem seus cursos.

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