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Dano ao ambiente está entre as maiores causas de morte, diz a ONU

Valor Econômico, Internacional, p. A11
Autor: CHIARETTI, Daniela
24 de Mai de 2016

Dano ao ambiente está entre as maiores causas de morte, diz a ONU

Daniela Chiaretti

"As nossas economias, em nome do desenvolvimento, começaram a matar muita gente", disse Achim Steiner, diretor-executivo do Programa da ONU para o Meio Ambiente (Pnuma), ontem na abertura da segunda edição da Assembleia Ambiental da ONU (Unea, em inglês), em Nairóbi (Quênia), este é o mais importante fórum global de decisões ambientais.
"Uma a cada quatro ou cinco mortes prematuras que acontecem todos os dias no mundo são causadas por nós mesmos", disse Steiner, referindo-se às conclusões do mais recente relatório do Pnuma. "O ambiente não é uma agenda separada da economia."
O estudo - "Healthy Environment, Healthy People" (ambiente saudável, pessoas saudáveis) - diz que cerca de 12,6 milhões de mortes ocorridas no mundo em 2012 podem ser atribuídas à deterioração das condições ambientais. A situação é mais grave no Sudeste da Ásia (28% das mortes) e menos grave na Europa (15%). Crianças até 5 anos e adultos entre 50 e 75 anos são os grupos mais vulneráveis.
O estudo diz que 8,2 milhões das mortes em 2012 foram provocadas por doenças não contagiosas causadas, principalmente, pela poluição externa e doméstica da queima de combustíveis fósseis.
"Este é o momento de ministros do Meio Ambiente agarrarem a agenda da Saúde", disse Jacqueline McGlade, chefe dos cientistas do Pnuma. "Os números nos mostram que as doenças que matam neste século são não contagiosas. Temos de entender porque o ambiente virou assunto tão proeminente quando se trata da saúde."
Uma das tendências que mais cresce é a de doenças transmitidas por animais, como o Ebola, a gripe aviária ou a Zika. Há números dramáticos sobre exposições a produtos químicos tóxicos, como chumbo (674 mil mortes em 2010), asbesto (107 mil pessoas morrem anualmente) e mercúrio.
Ontem, por exemplo, o governo do Peru declarou 60 dias de emergência em uma grande área remota na selva Amazônia, na fronteira com o Brasil e a Bolívia, por causa dos elevados níveis de contaminação por mercúrio como resultado da crescente atividade ilegal de mineração de ouro na região.
"São dados deprimentes. Asbesto, chumbo, mercúrio, nada foi embora. Há 50 anos sabemos dos impactos do mercúrio e ainda vivemos esses danos", disse McGlade. "Está claro que, se enfrentarmos os temas ambientais, vamos atacar muitos desses problemas."
"Uma das principais razões de se proteger o ambiente é proteger a saúde humana", disse Walker Smith, da agência ambiental dos EUA, a EPA. "Proteger o ambiente não é um luxo, não é tema secundário." Segundo ela, o custo em países mais carentes com intoxicação por chumbo soma US$ 977 bilhões.
O estudo, elaborado por várias agências da ONU, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Convenção de Diversidade Biológica (CDB) e o Protocolo de Montreal, entre outros, indica que as mortes prematuras poderiam ser evitadas removendo ou mitigando as substâncias tóxicas do ambiente, descarbonizando a economia e reduzindo a poluição, descolando a atividade econômica do desperdício de recursos naturais e elevando a proteção dos ecossistemas.
A saúde ambiental e humana é um dos temas de debate dos mais de mil delegados, que representam governos, empresas e ONGs de 190 países reunidos até o fim de semana. Eles devem decidir sobre 20 resoluções que incluem de padrões de qualidade do ar ao combate ao tráfico ilegal da vida silvestre, à proteção dos oceanos e o deslocamento de pessoas em busca de ambientes menos deteriorados.
A repórter viajou a convite do Pnuma

Valor Econômico, 24/05/2016, Internacional, p. A11

http://www.valor.com.br/internacional/4575159/dano-ao-ambiente-esta-ent…

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