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"Dalai Lama da Amazônia" recebe prêmio em Madri

Lusa (Agência de Notícias de Portugal) - http://www.agencialusa.com.br/
02 de Jun de 2009

Madrid, 2 jun (Lusa) - David Kopenawa, porta-voz e xamã dos Índios Yanomami do Brasil, e conhecido como o "Dalai Lama da Amazônia", foi nesta terça-feira premiado em Madri pelo seu trabalho, ao longo de décadas, na defesa dos direitos indígenas.

"Nunca sonhei chegar aqui, a esta casa. O povo espanhol está solidarizado com o meu povo Yanomami. Não se esqueceram de nós e querem ouvir as nossas mensagens e as nossas experiências", disse hoje, em Madri.

David Kopenawa foi agraciado com uma menção honrosa da 18ª edição do Prêmio Bartolomé de las Casas, atribuído anualmente pela Secretaria de Estado da Cooperação do Ministério das Relações Exteriores espanhol e pela Casa da América, em Madri.

O prêmio Bartolomé de las Casas foi criado em 1991 para reconhecer o trabalho a favor do entendimento e da paz com os povos indígenas, a proteção dos seus direitos e o respeito pelos seus valores.

Para Cristian Font, diretor da Tribuna Americana, da Casa da América, o prêmio reconhece o trabalho de um homem que "simboliza, há décadas, a luta intensa e inquebrantável pelo reconhecimento dos direitos indígenas e pela consciencialização da importância dos recursos naturais".

"Quem defende a amazônia não defende apenas o habitat brasileiro, mas a subsistência da humanidade na terra", afirmou Font.

Para evitar a extinção do seu povo, David Kopenawa liderou uma campanha internacional, a par da Survival International e da Comissão Pró Yanomami (CCPY), para conseguir a demarcação das suas terras.

O objetivo desta luta concretizou-se em 1992 com a criação do Parque Yanomami, que tem continuado, nos últimos anos, a sofrer pressões e ameaças.

"O meu povo escolheu o meu nome Kopenawa, que significa guerreiro, porque eu defendo a nossa aldeia e o nosso povo. Eu sou irmão dos guerreiros antigos e sou porta-voz dos pequenos povos. Luto para defender o meu povo", explicou.

O líder indígena brasileiro, apelidado pela imprensa alemã de Dalai Lama da Floresta, tem insistido, ao longo de décadas, na necessidade de proteger e defender os recursos naturais.

"É muito importante para os brancos, os negros e os índios lutar juntos para salvar a vida da floresta e da terra. Se não lutarmos juntos, qual será o nosso futuro? Seus filhos precisam da terra e da natureza viva e em pé", afirmou.

"Precisamos que o governo continue a olhar para nós. Precisamos de apoio para os nossos problemas de saúde e o Governo da cidade tem o dever de ajudar", disse.

"O (presidente) Lula é metade amigo. Não é totalmente amigo. Está a fazer alguma coisa, mas tem que olhar mais para o que o povo precisa. Não precisa de olhar para os deputados e para os senadores. Mas nós, povo indígena brasileiro, precisa de melhor qualidade de saúde, precisa de apoio para as crianças", frisou.

Kopenawa pediu ainda o envolvimento e o apoio das nações europeias para evitar a degradação da sociedade Yanomami.

"Estamos a defender a nossa terra sagrada, onde estão os nossos cemitérios. Por isso, os brancos não podem entrar ali e começar a cavar e a destruir árvores", disse.

"Quando a selva necessita de ajuda, estamos aí. A selva ajuda-nos. Por isso esta luta, a favor da terra, é importante para nós mas também para vocês, para o mundo inteiro. Defendemos a terra e defendemos o planeta", afirmou.

O líder Yanomami considerou que hoje os problemas de saúde, particularmente a malária, são os maiores desafios da sua comunidade, além das tentativas de desflorestação, exploração mineira e expansão agrícola.

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