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Da aldeia para a Medicina

Diário Catarinense-Florianópolis-SC
Autor: DARCI DEBONA
04 de Fev de 2005

A Kaingang Eva Simone da Silva vai deixar a aldeia Nonoai, no homônimo município do Rio Grande do Sul, para morar em Curitiba. Ontem, ela esteve na administração regional da Funai, em Chapecó, para acertar detalhes de sua viagem, na próxima semana, à capital paranaense. Eva vai confirmar sua matrícula no curso de Medicina, na Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Ela foi a primeira colocada entre cerca de 40 indígenas de todo o Brasil que disputaram uma das cinco vagas oferecidas, pela primeira vez, pela UFPR. Também é a primeira vez que um indígena da regional da Fundação Nacional do Índio (Funai), em Chapecó, que administra sete aldeias nos três estados do Sul, vai cursar Medicina numa universidade federal.

Desde criança, Eva Simone gostava de brincar de médica. E dedicou a toda sua vida ao objetivo de formar-se em Medicina. Ela cursou ensino fundamental e médio em escola pública, no município de Gramado dos Loureiros (RS), a quatro quilômetros de sua casa. No ano passado, tentou quatro vestibulares, mas não foi aprovada. Depois, fez sete meses de cursinho pré-vestibular em Chapecó, com o auxílio financeiro dos pais e dos dois irmãos, para disputar vaga no sistema Acafe, UFSC e na UFPR, onde foi aprovada.

A universidade vai fornecer alimentação, assistência à saúde e uma bolsa mensal de R$ 150. A Funai vai ajudar com moradia, transporte e material didático. Eva está ansiosa para o início das aulas, marcado para o dia 14 de fevereiro.

Mesmo estudando fora, pretende manter alguns costumes da aldeia. Ela não sabe fazer artesanato, como sua avó. Mas pretende voltar para atuar no posto de saúde da aldeia e, quem sabe, realizar um casamento à moda Kaingang, em que as festas do noivo e da noiva são separadas.

A chefe do setor de educação da Funai em Chapecó, Maria Elaine Oselame, disse que há oito anos foi iniciado um projeto de auxílio aos estudantes oriundos das aldeias. Mais de uma dezena se formaram e, atualmente, 72 indígenas de abrangência da regional estão cursando o ensino superior e bancam, no máximo, 25% do custo. Todos são atendidos graças ao auxílio da Funai e das bolsas da Unochapecó, Unoesc e Universidade de Palmas. O objetivo é que eles busquem conhecimento para ajudarem suas comunidades, respeitando as necessidades e a cultura de seu povo.

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