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D. Luiz denuncia invasão Economia

Jornal do Commercio-Manaus-AM
27 de Jun de 2003

As Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) já entraram em território brasileiro com o objetivo de convencer jovens indígenas a participar da guerrilha, denunciou ontem o arcebispo de Manaus, dom Luiz Soares Vieira, em depoimento na CRE (Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional) informa a Agência Senado.

Segundo o arcebispo, no dia em que a guerrilha colombiana não tiver mais condições de lutar em seu próprio país, acossada por tropas do governo de Bogotá com apoio de forças norte-americanas, as Farc só terão uma alternativa: entrar em solo brasileiro.

Dom Luiz Vieira acredita que, se a sua previsão se concretizar, os Estados Unidos não terão outra saída senão mandar tropas para combater a guerrilha no Brasil. Ele alertou que a presença de militares norte-americanos na região, a pretexto de lutar contra as Farc, poderá ser a porta para a internacionalização da Amazônia.

Campanha pode evitar

Para que a perda da Amazônia não se concretize diante do que classificou de cobiça internacional, o arcebispo pregou o início de uma luta em defesa da região, a começar pelo lançamento de campanha com o seguinte slogan: "A Amazônia é nossa, a serviço da humanidade". Ele disse que o Brasil deve saber o que quer da Amazônia e para a Amazônia, ou seja, deve ter um projeto para a região.

"O Brasil tem o dever de mostrar ao mundo que está preocupado com a Amazônia e quer preservá-la com desenvolvimento sustentável" disse o arcebispo, ao pregar o fortalecimento de toda a região, que poderia ter início pelo povoamento do interior e pela presença do Estado em todos os setores, principalmente no social.

Interior não tem médicos

Segundo informou Vieira, em alguns municípios não existem nem médicos, sendo que a população é atendida por profissionais peruanos, sem o devido registro. Ele também denunciou que na Amazônia Central agricultores estão plantando maconha para sobreviver, e que o narcotráfico atua quase que livremente ao longo dos rios Juruá e Negro. Dom Luiz Soares Vieira também pregou um firme combate à biopirataria, atividade pela qual são enviadas ao exterior amostras da fauna e da flora locais.

Ministério para a Amazônia

O senador Jefferson Péres (PDT-AM) afirmou ontem na CRE (Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional) em audiência pública, que "não existe o menor perigo de internacionalização da Amazônia". Na sua opinião, a idéia da internacionalização é "absolutamente esdrúxula" e não encontra respaldo no direito internacional.

Para Jefferson, o futuro da Amazônia "está nas mãos dos brasileiros". Por isso, solicitou a criação de um projeto nacional para a região, como forma de garantir o pleno desenvolvimento local, com inclusão social.

Durante o debate, o senador João Capiberibe (PSB-AP) reconheceu que a "negligência histórica" dos governantes brasileiros com relação à Amazônia "pode limitar a soberania do Brasil em toda a região". Ele também defendeu uma política integrada e sustentável para a Amazônia.

O mesmo pensamento demonstrou o senador Marcelo Crivella (PL-RJ), ao informar que o Estado do Amapá recebeu, no ano passado, apenas R$ 6 milhões, por meio das chamadas transferências voluntárias. "Isso é muito pouco", advertiu.

Ministério da Amazônia

O senador Pedro Simon (PMDB-RS), que junto com o senador Artur Virgílio (PSDB-AM) foi o autor do requerimento que resultou na realização da audiência pública, pregou a criação do Ministério da Amazônia, destinado a preservar a região e encontrar saídas concretas para que ela encontre o caminho do crescimento sustentável.

Artur Virgílio pregou o que chamou de "jogo duro contra a biopirataria", bem como a canalização de maiores recursos para a Amazônia, para que ela possa ter pleno desenvolvimento. Já Gilberto Mestrinho (PMDB-AM) defendeu a adoção de políticas racionais para a região. Do contrário, notou, a Amazônia continuará a sofrer um processo de esvaziamento.

O senador Augusto Botelho (PDT-RR) defendeu agilização na definição das terras indígenas no Estado de Roraima para que trabalhadores e agricultores não sejam prejudicados.

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