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28 de Ago de 2010
O modo de cultivo agrícola de mandiocas dos povos indígenas do Médio e Alto Rio Negro pode se tornar Patrimônio Cultural Brasileiro. Um processo para instituir o registro já está tramitando no Instituto do Patrimônio Histórico e Nacional (Iphan). Segundo o superintendente do instituto no Amazonas, Juliano Valente, o sistema agrícola dos povos tradicionais da região do noroeste do Amazonas demonstram conhecimento de manejo florestal.
O Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro serve como base social de mais de 22 etnias do Alto Rio Negro. Os povos tradicionais ocupam a região ao longo do rio abrangendo os municípios amazonenses de Barcelos, Santa Isabel do Rio Negro e São Gabriel da Cachoeira, até a fronteira do Brasil com a Colômbia e a Venezuela.
"O estudo preliminar indicou que estes povos potencializam as limitações do ecossistema da região", afirma o superintendente. O sistema é baseado no sistema de "coivara", que consiste em derrubada de uma área da mata nativa e o uso do local para cultivo em baixa escala. Os indígenas usam o espaço para plantar vários tipos de cultura. A prática de troca de plantações garante a existência do sistema. A mandioca é o principal elemento do sistema e são usadas diversas espécies da plantas.
O secretário de Estado para os Povos Indígenas, Bonifácio José Baniwa, pertence a uma das etnias da região e conhece o Sistema Agrícola. Para o secretário a iniciativa irá valorizar a cultura dos povos tradicionais e ajudar a manter a forma de cultivo. "O mercado consumidor de mandioca tem preferência por uma espécie da planta, utilizada para se fabricar farinha amarela. O oposto do sistema de plantio dos povos tradicionais, marcado pela variedade de espécies".
A iniciativa do processo de transformar o Sistema Agrícola em Patrimônio Cultural Brasileiro é da Associação das Comunidades Indígenas do Médio Rio Negro (ACIMRN), Associação Indígena de Barcelos (Asiba) e Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN).
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