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Cultura de transgênicos sobe 30% no país

FSP, Dinheiro, p. B3
14 de Fev de 2008

Cultura de transgênicos sobe 30% no país
Área plantada atingiu 15 mi de hectares em 2007; milho e cana devem impulsionar crescimento futuro

Denyse Godoy

A taxa de 30% de crescimento das lavouras transgênicas no Brasil foi a segunda maior observada, em 2007, entre os 23 países que possuem esse tipo de plantação e fizeram parte da pesquisa da ISAAA (Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia, na sigla em inglês). A liderança ficou com a Índia (63%).

Em números absolutos, o Brasil liderou o ranking: a área cultivada aumentou em 3,5 milhões de hectares. "A principal explicação para essa alta está na disponibilidade da tecnologia. Tendo percebido os seus benefícios, os produtores conseguem encontrar perto de si sementes adaptadas às diferentes regiões", disse Anderson Galvão, diretor da ISAAA no Brasil. A organização de origem americana não tem fins lucrativos, é patrocinada por companhias como a DuPont, a Syngenta e a Novartis e defende a cultura de vegetais geneticamente modificados.

Dos 15 milhões de hectares de lavouras transgênicas existentes no país, 14,5 milhões são de soja tolerante a herbicida, e 500 mil, de algodão que suporta inseticida. Para a ISAAA, deve continuar acelerado o avanço dos campos de culturas modificadas no Brasil, considerando o potencial da cana-de-açúcar transgênica, ainda em estudo, e a liberação, anteontem, da venda das sementes de milho produzidas pelas multinacionais Bayer e Monsanto.

"A autorização dada pelo CNBS [Conselho Nacional de Biossegurança] ratifica que é competência da CTNBio [Comissão Técnica Nacional de Biossegurança] deliberar sobre o assunto. Com a medida, esperamos agora que as liberações pendentes, como de soja, eucalipto e cana, ganhem agilidade", comentou Galvão. Ele afirmou que o país ultrapassará a Argentina no total de áreas plantadas, conquistando o segundo lugar mundial, mas não estimou em quanto tempo isso deve ocorrer.

Em todo o planeta, as lavouras transgênicas cresceram 12% no ano passado, para 114,3 milhões de hectares. De acordo com a ISAAA, cerca de 12 milhões de agricultores empregam sementes alteradas e o ritmo de aumento da sua utilização é superior nos países em desenvolvimento -21%, contra 6% das nações industrializadas.

"A disparada dos preços dos alimentos recentemente evidencia as vantagens dessas plantações. A mais importante contribuição que as culturas biotecnológicas podem dar é humanitária, elevando a renda dos fazendeiros pobres. Assim, elas ajudarão que uma das metas de desenvolvimento do milênio, cortar pela metade a fome no mundo até 2015, seja alcançada", ressaltou Clive James, presidente e fundador da ISAAA.

Galvão se mostra mais comedido. "Os ganhos [de produtividade] que a técnica oferece são extremamente necessários, porém não se pode imaginar que os transgênicos vão resolver todos os problemas. O que vimos no Brasil é que de nada adianta adotar essas culturas se a região enfrenta 30 dias de seca."

Na Índia, pelas contas da ONG, o algodão transgênico aumentou a produção em 50% e, na China, em 10%. A rentabilidade por hectare subiu US$ 250 (cerca de R$ 425) e US$ 220, respectivamente. "Não se engana os fazendeiros duas vezes. O crescimento das áreas demonstra que eles estão convencidos", disse James.

FSP, 14/02/2008, Dinheiro, p. B3

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