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Cultivo da mamona ganha reforco no Piaui

GM, Rede Gazeta do Brasil, p.B13
11 de Mar de 2005

Cultivo da mamona ganha reforço no Piauí
Projeto recebe R$ 79 milhões em recursos, sendo R$ 22 milhões financiados pelo Banco do Brasil e Fundação BB. O cultivo da mamona, para a produção do biodiesel no Piauí, ganha reforço de projeto implementado, com recursos estimados em R$ 79 milhões, sendo R$ 22 milhões financiados pelo Banco Brasil e Fundação Banco do Brasil. A meta dos agricultores familiares, reunidos em torno da proposta de expansão da área de plantio, é garantir também um banco de sementes em condições de abastecer outras regiões no País.
Concentrados inicialmente na microrregião de São Raimundo Nonato, a 517 quilômetros de Teresina, 333 produtores de 14 municípios começaram em janeiro os cursos de capacitação, na esperança de, em 3 anos, colher os primeiros resultados. São Raimundo Nonato tem cerca de 25.980 habitantes, e economia baseada no setor de agronegócio. "O agronegócio da mamona será mais uma fonte de sustentabilidade para o município. Temos clima e solo apropriados e, no passado, a cultura foi o carro-chefe da nossa economia", afirma o prefeito Avelar de Castro Ferreira.
O projeto definido para a região contempla 3.600 hectares e mão-de-obra de 1.810 agricultores familiares, que começam a receber orientações técnicas e práticas - desde a conceituação da planta, espaçamento entre as sementes, até dados estratégicos sobre a comercialização do produto. "A idéia é mostrar que plantio de mamona é um negócio lucrativo, mas necessita de planejamento e cuidados", observa o diretor-superintendente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresa (Sebrae-PI), José Jesus Trabulo de Souza Júnior, empenhado na expansão da área de cultivo do estado. A entidade apóia o projeto com capacitação técnica, consultoria e que orientou os agricultores na busca de crédito. "Estamos trabalhando o setor como um micronegócio", diz Souza Júnior.
Pela proposta, que deverá alcançar em 3 anos 42 municípios piauienses, os agricultores devem adotar o sistema de cultivo consorciado com o feijão caupi, que produz nitrogênio, compensando a substância insuficiente na mamona.. A expectativa é que em 240 dias os agricultores deverão colher 1.500 quilos de mamona e 1.200 quilos de feijão por hectare, estima o superintendente. A comercialização da safra está garantida pela Brasil Ecodiesel, que vai comprar a R$ 0,50 o quilo da mamona produzida na região, segundo informações da coordenação do projeto. O feijão, por sua vez, será vendido para a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), do governo federal. "Vamos garantir trabalho e renda, sem que o agricultor deixe a sua terra para tentar um futuro incerto na cidade grande", observa Trabulo Júnior . Pelas contas do superintendente, cada agricultor poderá garantir até R$ 400 por mês, com o cultivo de dois hectares de mamona. O prefeito Ferreira assinala que parceiros como o Sebrae e o Banco do Brasil darão o tom da comercialização que os produtores precisam. "Não adianta apenas saber plantar e colher, é preciso saber comercializar", salienta.
O superintendente do Sebrae não tem dúvidas de que o Piauí tem excelente potencial de produção para biodiesel, uma das prioridades do governo federal. O Brasil consome anualmente cerca de 36 bilhões de litros de óleo diesel, sendo 10% importados já refinados e outros 20% processados no País, a partir do petróleo importado, enquanto a produção de óleos vegetais atinge cerca de 3,5 bilhões de litros. "Além de diminuir a dependência brasileira de petróleo e a emissão de dióxido de carbono na atmosfera, é considerado um excelente instrumento de geração de trabalho e renda, inclusão social e desenvolvimento regional", acrescenta Trabulo Júnior. O biodiesel da mamona - planta de fácil cultivo, resistente a doenças e à seca -, segundo técnicos da Empresa Brasileira de Agropecuária (Embrapa) no estado, tem validade de 3 anos. Muito mais resistente que o da soja, que possui uma durabilidade de 15 dias, de acordo com os especialistas do setor. O óleo extraído da mamona também pode ser utilizado na lubrificação de naves espaciais, como componente em produtos de limpeza, vermífugo, na indústria cosmética e na medicina, para construção de próteses ósseas, segundo o veterinário e consultor do Projeto do Agronegócio da Mamona , José Wellington Dias.
Os municípios integrados ao projeto também ganham com a preservação e melhoria do meio ambiente e da qualidade de vida. O cultivo da mamona confere créditos ao Brasil no mercado internacional, de acordo com o Protocolo de Kioto, que estabelece aos países industrializados redução de 5,2% das emissões de poluentes, entre 2008 e 2012 - tomando como base os níveis observados em 1990.
Além da mamona, o biodiesel pode ser produzido a partir da soja, amendoim, canola, babaçu, dendê, entre outros - o Brasil vem sendo apontado como o potencial líder de mercado por sua vasta extensão de terra para agricultura e crescente produção de oleaginosas.
O consultor José Wellington Dias observa que a mamona é um tipo de planta capaz de "seqüestrar" o gás carbônico da atmosfera. "Com o estímulo ao cultivo na região, estamos fazendo a proteção ambiental e trabalhando com uma cultura que melhora a qualidade do solo, evitando a erosão", diz.
A região definida para o projeto fica entre duas áreas de proteção ambiental - os parques das Serras das Confusões e o parque da Capivara. Nesta fase, o Projeto do Agronegócio da Mamona envolve a participação do governo federal, Sebrae, Banco do Brasil e as prefeituras dos municípios.

kicker: A Brasil Ecodiesel vai pagar R$ 0,50 o quilo da mamona produzida
kicker2: Além de produzir biodiesel, o fruto é usado na área médica

GM, 11-13/03/2005, p. B13

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