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Cubana que trabalha em aldeia lamenta saída do Mais Médicos: 'Minha razão aqui são meus pacientes'

G1 https://g1.globo.com
22 de Nov de 2018

O Tocantins deve perder até o fim do ano 102 médicos cubanos que participavam do Mais Médicos. Pelo menos 10 cuidavam exclusivamente de comunidades indígenas. Esse é o caso de Sandra Fleitas Arias, que diz estar angustiada pelos pacientes da aldeia Salto, em Tocantínia, a 80 quilômetros de Palmas. (Veja vídeo)

"Minha razão aqui são meus pacientes. Minha razão não é pensando em um dado estatístico, é pensando na saúde da população indígena. Me causa angústia porque aqui ficam pacientes que estão precisando da minha atenção como médica", afirmou.

A maioria das comunidades indígenas do Tocantins fica longe de áreas urbanas. Antes da chegada dos médicos de Cuba, os índios precisavam viajar até a cidade quando tinham algum problema de saúde. Hoje recebem atendimento na própria aldeia e estão preocupado em novamente ficar desassistidos.

O Kauã, por exemplo, apresentou dificuldade de respirar quando fez uma semana de vida. A médica Sandra Fleitas examinou o bebê e suspeitou que ele tinha aspirado líquido amniótico durante o parto. Ele foi encaminhado para um especialista, medicado e hoje passa bem.

A aldeia onde a médica trabalha tem cerca de 450 indígenas. Mas com a saída de Cuba do programa Sandra acredita que terá que deixar os pacientes.

Segundo o Distrito Especial de Saúde Indígena (Disei) do Tocantins houve uma grande queda na mortalidade infantil nas aldeias do Tocantins desde o ano de 2013, quando os médicos começaram a chegar no estado.

Em 2013, a média era de 50 mortes de bebês com menos de um ano, a cada mil crianças nascidas. Por outro lado, em 2018 o número caiu para 16 mortes a cada mil bebês, até setembro.

"Em todas as comunidades indígenas do Tocantins hoje nós temos a presença do médico cubano. Tem sido um trabalho satisfatório. A prova disso é que os nossos indicadores têm melhorado a cada dia", disse Marcelo Lucena, coordenador do Disei.

Cuba decidiu encerrar a participação no programa citando "referências diretas, depreciativas e ameaçadoras" feitas pelo presidente eleito Jair Bolsonaro à presença dos médicos cubanos no Brasil.

A médica Sandra Fleitas contou que o marido e a filha estão em Cuba. Por causa disso, ela está dividida entre rever os parentes e abandonar a família que ganhou na aldeia.

"Penso em minha filha, mas também penso que minha filha está bem. Por outro lado, todas as pessoas que estão aqui precisando de um atendimento, um médico, agora são minha prioridade", disse a médica.

A Secretaria de Estado da Saúde informou que os municípios aguardarão a reposição dos profissionais médicos, via edital publicado pelo Ministério da Saúde. "A gestão Estadual estará apoiando os municípios, com as unidades hospitalares de referência", afirmou em nota.

https://g1.globo.com/to/tocantins/noticia/2018/11/22/cubana-que-trabalh…

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