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Cruzada ambiental

O Globo, Opinião, p. 6
16 de Mar de 2007

Cruzada ambiental

Sim, o mundo está num processo perigoso de mudanças climáticas que põe em xeque o futuro da Humanidade. Pois o Brasil ainda não parece estar dando a atenção devida a essa mudança na vida de todos os habitantes do planeta, sem exceção.

Dados apresentados no 1o. Simpósio Brasileiro de Mudanças Ambientais Globais mostram que o país experimenta hoje temperaturas cerca de cinco graus Celsius mais altas que há 50 anos. As projeções dos especialistas são de que os invernos sejam mais quentes e que haja aumento na freqüência de chuvas extremas, principalmente nas regiões Sul e Norte do Brasil. A tendência é que, infelizmente, a seca se agrave no Nordeste do país.

Muitas das conseqüências dessas mudanças já são conhecidas, como a elevação do nível dos oceanos, que poderiam invadir vastas áreas e cidades costeiras do Brasil; e a redução das terras agricultáveis devido ao aumento da temperatura e à desertificação. Na América Latina, culturas como a da soja e da cana-de-açúcar poderão ser prejudicadas, com efeitos visíveis já nos próximos dois ou três anos, segundo especialistas.

O novo capítulo do relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas das Nações Unidas (IPCC, na sigla em inglês), a ser apresentado em abril, em Bruxelas, virá recheado de informações preocupantes. Algumas de suas conclusões foram adiantadas: dezenas de milhões de latino-americanos e centenas de milhões de africanos sofrerão com falta de água em 2020; em 2050, a escassez afetará um bilhão de asiáticos; malária, dengue, diarréia e outras doenças associadas à contaminação da água e ao calor matarão cada vez mais. Por volta de 2080, 600 milhões passarão fome.

Contudo, não precisamos esperar o relatório. Desde já, todos precisamos mudar hábitos para tentar deter a destruição do meio em que vivemos. Os agentes econômicos não precisam apenas produzir de maneira eficiente e com qualidade, mas preservando o ambiente. O governo, em todos os níveis, deve incorporar o fator climático em suas ações e planos.

Ninguém está dispensando dessa cruzada, muito menos os brasileiros.

O Globo, 16/03/2007, Opinião, p. 6

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