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Cruz de madeira volta à aldeia pataxó

A Tarde -Salvador - BA
Autor: Flávio Oliveira
20 de Abr de 2001

O Dia do Índio foi marcado por uma emoção e espontaneidade incomuns na Aldeia Pataxó da Coroa Vermelha, em Santa Cruz Cabrália. O motivo de tanta euforia por parte dos índios foi a volta da cruz de madeira ao seu lugar original. A recolocação da cruz, logo no início da manhã, causou grande euforia na comunidade, que passou a realizar danças e outras manifestações alusivos à data com alegria e autenticidade, diferindo dos passos mecânicos realizados em anos anteriores com o único intuito de atrair os olhares dos turistas. A instalação da cruz de madeira pegou de surpresa todos os órgãos públicos e ainda há dúvidas e medo por parte de alguns índios com relação a atos de represália do governo. O poder público estadual se colocava contra a presença da cruz de madeira, porque considerava que dois cruzeiros em um espaço muito pequeno iriam chocar os visitantes. Também era projeto do governo colocar a cruz de madeira em uma segunda praça, que seria construída a dois quilômetros da aldeia. A cruz reerguida ontem foi derrubada pelo governo do Estado no ano passado. Isso porque foi construído um novo cruzeiro, de metal e granito, encomendado ao artista plástico Mário Cravo Júnior. A cruz do artista plástico foi colocada no centro de uma praça construída no meio de um caminho que leva à praia. Os índios nunca aceitaram a cruz de metal. Apresentavam dois motivos: primeiro a idade do monumento de madeira, quase 30 anos. O segundo motivo é que, para eles, a cruz de madeira estava no local onde realmente se celebrou a primeira missa do Brasil. Essa cruz faz parte da história dos pataxós e vai ficar onde sempre ficou, falou o índio Saracura. Violência policial Outro fato que marcou a aldeia de Coroa Vermelha foi a violência policial. No ano passado, para compensar a perda da cruz, os índios quiseram erguer um monumento dedicado à resistência frente às agressões sofridas pelos indígenas ao longo dos 500 anos do Brasil. A Polícia Militar baiana invadiu a aldeia, área federal, e derrubou o monumento. Com a volta da cruz de madeira ao seu local original, os pataxós de Coroa Vermelha fizeram orações, lembrando rapidamente do índio Galdino, e dançaram o Toré. Tudo nas proximidades do monumento. Ainda durante a celebração comemorativa ao Dia do Índio, realizaram a 2ªOlimpíada de Incentivo à Cultura Indígena da Comunidade Pataxó. Os índios se dividiram em sete equipes e disputaram provas como lançamento de tacape, arco e flecha, natação, mergulho, luta, pintura corporal e artesanato. No início da tarde, foram servidas bebida e comida típicas, como o cauim, bebida feita à base de mandioca, o caranguejo assado e peixe na folha de tapioca.

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