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Críticas fazem Possuelo ser demitido da Funai

O Globo, O País, p. 9
24 de Jan de 2006

Críticas fazem Possuelo ser demitido da Funai

Demétrio Weber

O sertanista Sydney Possuelo foi demitido do cargo de coordenador-geral de Índios Isolados da Funai depois de criticar declarações do presidente do órgão, Mércio Pereira Gomes. Em entrevista à agência de notícias Reuters, há duas semanas, o presidente da Funai disse que os índios brasileiros têm terras demais e defendeu que o STF imponha limites a isso. Possuelo, que há 43 anos se dedica à causa indígena, disse que as declarações de Mércio eram semelhantes às de madeireiros, grileiros e garimpeiros, ou seja, de quem historicamente defende pontos de vista contrários aos interesses dos índios.
A exoneração de Possuelo, que já foi presidente da Funai, foi decidida na sexta-feira e publicada ontem no Diário Oficial. Ontem, Possuelo voltou ontem a criticar Mércio:
- Vindo de quem vem, não me surpreendi. Afinal, se espera qualquer coisa de um presidente da Funai que declara que tem muita terra para pouco índio. É uma questão de postura política. Pela lei, o presidente da Funai defende os índios.
Em nota, a Funai afirmou que "recentemente, crescia a incompatibilidade de Sydney Possuelo com outros sertanistas que trabalham com povos indígenas isolados". O texto informa que será criado um Conselho dos Povos Indígenas Isolados e Recém-Contatados. A nota faz menção aos méritos de Possuelo, mas diz que "o incremento da expansão da sociedade envolvente em torno de áreas habitadas por índios isolados requer uma atitude de união e esforço concentrado".
Possuelo foi o responsável pela demarcação da reserva ianomâmi na década de 90 e diretor do Parque Nacional do Xingu, na década de 1970. Em 2002, liderou uma expedição na Amazônia em busca de contato com povos indígenas isolados.
"Vejo esses absurdos e não consigo ficar calado"
Apesar de concentrar as críticas em Mércio, Possuelo disse que sua exoneração revela uma decisão do governo Lula e não apenas do presidente da Funai.
- Vejo esses absurdos e não consigo ficar calado. Não perdi a capacidade de indignação.

O Globo, 24/01/2006, O País, p. 9

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