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Criticas de especialistas

CB, Politica, p.3
11 de Set de 2004

Estudiosos temem crise de energia com a transposição do Velho Chico
Críticas de especialistas
O governo descarta argumentos técnicos contrários ao seu projeto para o Rio São Francisco. "Esses problemas serão resolvidos na medida em que formos avançando na discussão. O problema energético, por exemplo, pode ser resolvido com a interligação das linhas de transmissão de Tucuruí e Itaipu", afirma o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes. Para o governo, a transposição das águas do São Francisco é sinônimo de desenvolvimento sustentável.
Porém, os estados querem limitar o uso da água ao consumo humano e, para isso, estabeleceram um limite de retirada total de água de 360 metros cúbicos por segundo. 0 projeto de transposição é defendido pela Agência Nacional de Águas, cujo presidente, Jerson Kelman, preconiza o sistema de bombeamento das águas a vazão de 26 metros cúbicos por segundo para abastecimento humano e animal e, a plena carga, com vazão de 127 metros cúbicos por segundo quando Sobradinho estiver com 97% da capacidade.
Mesmo assim, sofre restrições. "Essa é a velha política de grandes obras hidráulicas no Nordeste, a verdadeira indústria da seca", acusa o professor João Abner Guimarães, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, doutor em hidrologia e ex-diretor da Agência Estadual de Águas do Rio Grande do Norte.
Outro crítico do projeto é professor João Suassuna, engenheiro agrônomo e pesquisador do Instituto Joaquim Nabuco, de Pernambuco, que apresentou um estudo sobre o assunto no recente Encontro Internacional Sobre Transferência de Águas entre Grandes Bacias. Segundo ele, o projeto vai reduzir a geração de energia nas usinas hidrelétricas da região, além de desviar seu consumo para o bombeamento.
Primeira etapa
O programa do governo para transposição das águas do Rio São Francisco, nesta primeira etapa, está sendo redimensionado, pois originalmente previa a interligação dos rios Tocantins e São Francisco, para permitir a perenização de vários rios nordestinos, da Bahia ao Piauí (veja ao lado).
Haveria quatro saídas de águas do São Francisco para abastecer esses rios, segundo a proposta original apresentada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao vice-presidente da República, José de Alencar, encarregado pelo presidente Lula de estudar o assunto. 0 projeto integral foi orçado em R$ 20 bilhões.
A proposta que está sendo apresentada pelo ministro Ciro Gomes, é mais modesta. 0 orçamento de União para 2005 prevê a liberação de R$ 1,070 bilhão para a construção dos eixos norte e leste do projeto de interligação das bacias. Serão diretamente beneficiados os estados de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba. (LCA)

CB, 11/09/2004, p. 3

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