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Criticada a política do Governo para o indígena

O Povo-Fortaleza-CE
14 de Fev de 2002

A CNBB e o Cimi rebateram no lançamento da campanha a informação oficial de que o atual governo foi o que mais demarcou terras indígenas. Também condenaram a falta de atenção às políticas de saúde e de educação indígenas

A política do Governo federal voltada para o índio foi criticada ontem pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) durante o lançamento da Campanha da Fraternidade deste ano, cujo tema é ''A fraternidade e os povos indígenas'', e o lema: ''Por uma terra sem males''. O objetivo da Igreja Católica é acabar com os preconceitos e valorizar a cultura dos índios.

Ambos rebateram em Brasília a informação oficial de que o atual governo foi o que mais demarcou terras indígenas. Também condenaram a falta de atenção às políticas de saúde e de educação indígenas. E defenderam a demarcação de mais terras e a aprovação pelo Congresso do Estatuto do Índio.

''Numa avaliação mais apurada da política indigenista deste governo, o que se tem a lamentar é que talvez em nada conseguiu ser melhor do que seus antecessores'' - acusou o secretário-executivo do Cimi, Egon Dionísio Heck.

O secretário-geral da CNBB, dom Raymundo Damasceno Assis, declarou que, das 171 terras demarcadas nos últimos sete anos, aproximadamente 68 por cento não tiveram o processo concluído.

O Palácio do Planalto e a Fundação Nacional do Índio (Funai) não tinham se manifestado sobre o assunto até as 19 horas de ontem.

A Campanha da Fraternidade deste ano será divulgada durante 40 dias por meio de inserções diárias, de 30 segundos, nas redes de televisão. O papa João Paulo II apelou, em uma mensagem divulgada pela CNBB, para o fim do preconceito racial e a necessidade de resgate pelos males cometidos contra os índios.

''Aos olhos de Deus só existe uma raça: a raça dos homens, chamados a serem seus filhos. Só existe um povo, formado por muitos povos, cada um deles com seu modo de ser, sua cultura e suas tradições'' - disse o papa, repetindo o discurso feito em 1991.

Segundo informações fornecidas pela Funai antes do lançamento da Campanha da Fraternidade, 350 mil indígenas vivem atualmente no Brasil em 170 tribos diferentes. A aldeia de Araribá, no município paulista de Avaí, foi fundada em 1913 e abriga hoje cerca de 500 índios terenas e guaranis. São quase dois mil hectares que eles utilizam para plantar e criar gado, o que desmente a crença das pessoas de que os índios não trabalham a terra.

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