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Criticada, Dilma lança plano sustentável

OESP, Política, p. A8
17 de Out de 2013

Criticada, Dilma lança plano sustentável
No momento em que Marina acusa governo de retrocesso ambiental, presidente divulga programa de agroecologia e produção orgânica

Roldão Arruda e Isadora Peron - O Estado de S.Paulo

Sob a mira da ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (PSB-AC), que a acusa de não dar atenção à questão da sustentabilidade, a presidente Dilma Rousseff começa a esboçar uma estratégia de reação. Cercada por representantes de movimentos sociais, ela lança nesta quinta-feira, 17, em Brasília, o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, que se destina a estimular a agricultura sustentável entre pequenos agricultores, assentados, quilombolas e indígenas. Outras iniciativas nessa área também estão sendo costuradas pelo governo.
A apresentação do plano vai ocorrer na cerimônia de encerramento da 2.ª Conferência Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário, que começou na segunda-feira. O encarregado de expor oficialmente a iniciativa à sociedade será o ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas. Ele vai dizer que o objetivo principal é incentivar a produção de alimentos orgânicos ao mesmo tempo que se estimula à conservação dos recursos naturais.
O investimento inicial será de R$ 8,8 bilhões, até 2015. Desse total, R$ 7 bilhões serão disponibilizados por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e do Plano Agrícola e Pecuário.
Quem costurou todo o projeto, que envolve ações de dez ministérios, foi Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência. Seu trabalho durou quase dois anos e mobilizou, entre outras organizações, o Movimento dos Sem-Terra (MST) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag).
Momento. O projeto está pronto desde o primeiro semestre. Representantes do governo chegaram a anunciar que seria lançado em junho. Foi adiado, porém, em meio à onda de protestos que ocorreu naquele período, e enviado para uma gaveta, à espera de um momento propício. Ressurge agora no exato momento em que Marina retorna ao cenário eleitoral propondo a discussão do tema sustentabilidade. Essa é principal marca do discurso da ex-ministra e foi o eixo da sua campanha presidencial em 2010.
Não é só Marina, porém, que o Planalto visa. A iniciativa também se destina a aplacar as críticas dos movimentos sociais. Hoje os sem-terra atacam o governo por não ter assinado nenhum decreto de desapropriação de terras para a reforma agrária neste ano. Os quilombolas reclamam da lentidão nos processos de reconhecimento de suas terras e os índios criticam a proximidade do governo com a bancada ruralista, contrária à demarcação de novos territórios.
O presidente da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), Paulo Petersen, diz que o plano representa um grande avanço, mas lamenta que o tema da reforma agrária não tenha sido contemplado. "Durante a discussão, nós propusemos um conjunto de sugestões, mas o governo entendeu que esse tema deveria ficar de fora."
Sara Pimenta, da Contag, destaca a forma como o plano foi montado: "Surgiu por meio de negociações com os movimentos. Foi um diálogo intenso".
O plano tem quatro eixos, que envolvem desde a produção de conhecimento à comercialização e consumo dos produtos agrícolas, sem a utilização de agrotóxico. A sua ideia foi apresentada à presidente Dilma em 2011, quando ela recebeu representantes da Marcha das Margaridas, que reúne trabalhadoras rurais anualmente em Brasília. Elas disseram à presidente que era possível colocar em prática a lógica da agricultura sustentável nos assentamentos, desde que houvesse incentivos.
Em agosto do ano passado, Dilma instituiu, por decreto, a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica. O plano que vai ser lançado nesta quinta é o instrumento para viabilizar essa política.

OESP, 17/10/2013, Política, p. A8

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,criticada-dilma-lanca-plano…

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