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Crise zera volume útil do 'coração' do Sistema Cantareira

OESP, Metrópole, p. A20
04 de Jun de 2014

Crise zera volume útil do 'coração' do Sistema Cantareira
Represas Jaguari-Jacareí, que representam 80% do manancial, têm agora disponíveis 104,3 bilhões de litros do 'volume morto'

Fabio Leite

Responsáveis por cerca de 80% da capacidade máxima do Sistema Cantareira, as Represas Jaguari-Jacareí, na região de Bragança Paulista, atingiram ontem, pela primeira vez na história, o limite mínimo de captação de água por gravidade pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), ou seja, zero por cento do volume útil.
Isso significa que, a partir de agora, a retirada de água dos dois principais reservatórios do Cantareira só pode ser feita pelo bombeamento do "volume morto", que fica represado abaixo do nível das comportas da Sabesp. A operação, que custou cerca de R$80 milhões, teve início no dia 15.
Ontem, as Represas Jaguari-Jacareí tinham 104,3 bilhões de litros da reserva profunda disponível para a Sabesp. Consideradas o "coração" do Cantareira, elas têm capacidade total para 1,04 trilhão de litros, dos quais 808 bilhões eram "úteis" para a Sabesp, mas se esgotaram com a crise hídrica.
Ao todo, o Cantareira tinha ontem 240,9 bilhões de litros, já considerando o "volume morto" que será utilizado e a quantidade de água que resta nos outros três reservatórios do sistema: Cachoeira, em Atibaia, Atibainha, em Nazaré Paulista, e Paiva Castro, em Mairiporã.

Estimativa.
O volume representa 24,6% da capacidade do manancial, segundo a Sabesp. Na estimativa mais pessimista feita pela companhia, a pedido do comitê anticrise do Cantareira, a reserva atual pode acabar no dia 27 de outubro. Sem considerar a reserva profunda, o nível ontem era de 6% da capacidade.
O cálculo da Sabesp considerou uma vazão afluente (água que chega aos reservatórios) 50% abaixo da mínima histórica e uma retirada média para abastecimento da Grande São Paulo de 21,5 mil litros por segundo. Só em maio, contudo, a vazão registrada correspondeu a 39% do pior índice registrado para aquele mês.
Ontem, porém, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse que a projeção da Sabesp "não tem a menor procedência". "Nós temos uma reserva técnica de 182 milhões de metros cúbicos. Isso nos levará até as chuvas. Eu aprendi com meu pai, que é da zona rural, que chove mês com 'r'. Então, termina em abril e retoma em setembro. Mas ela ( reserva ) vai até o ano que vem. E ainda tem mais 100 milhões de metros cúbicos possíveis de serem utilizados."
O presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu, que controla a vazão do Cantareira juntamente com o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), do governo paulista,já se manifestou contrário à medida. /Colaborou Laura Maia de Castro

OESP, 04/06/2014, Metrópole, p. A20

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