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Criminalidade afasta índios de escolas, denunciam diretores

Douradosagora - http://www.douradosagora.com.br/not-view.php?not_id=267267
Autor: Valéria Araújo
31 de Out de 2009

A criminalidade é fator predominante para afastar indígenas das escolas em Dourados. A declaração é de educadores que participaram de protesto na manhã de sexta-feira, no centro de Dourados. De acordo com os educadores, os adolescentes são as principais vítimas das drogas e alcoolismo nas aldeias. Com isto, muitos acabam desistindo da escola e ingressando em organizações criminosas. O grupo pede segurança nas aldeias, para que haja desarticulação de grupos que estão colocando em risco a convivência no local.

Estudantes, professores, pais e diretores das sete escolas indígenas de Dourados, tomaram as ruas na manhã de sexta-feira, em protesto contra a falta de segurança nas aldeias. Em passeata, o grupo formado por mais de 100 pessoas percorreu a Avenida Marcelino Pires, levando faixas e cobrando das autoridades a volta do policiamento ostensivo nas aldeias, extinto há três anos, após a morte de policiais civis. A operação Sucuri também deixou de fazer a segurança na Reserva em janeiro deste ano, o que contribuiu para aumentar o índice de violência.

A manifestação começou por volta das 8h em frente a praça Antônio João. No local, houve a concentração das etnias, que sairam das aldeias Jaguapirú e Bororó em quatro ônibus lotados. Houve discursos de lideranças e distribuição de panfletos sobre os motivos do protesto.

O indígena Kenedy de Souza Morais, estava vestido com a fantasia "A Morte". Ele, que é assistente social da Reserva, disse que a roupa é uma forma de protesto contra a ausência do poder público, o que motiva a onda de violência que se instalou nas aldeias. "As famílias indígenas vivem amedrontadas com a insegurança e estes são os principais sintomas de uma sociedade doente", disse, observando que ainda faltam políticas públicas que insiram o indígena no mercado de trabalho.

A estudante Simone Martins, 22 anos, explica que a violência alterou completamente a rotina de vida da família dela. "Não temos mais liberdade de sair à noite, frequentar a casa dos parentes, ou nos reunir com familiares em casa. Temos muito medo dos diversos tipos de crimes que estão acontecendo nas aldeias. Muitos dos meus amigos deixaram de ir à escola para não correr o risco de ser vítima do grupo", disse.

O diretor da Escola Tengatui Marangatu, Josias Marques, da etnia guarani, disse que toda a grade curricular da escola já foi afetada devido aos altos índices de violência. "Inserimos debates e palestras nas escolas, orientando sobre os riscos das drogas e alcoolísmo. Trabalhamos com o público adolescente, que é a categoria mais vitimizada pelo tráfico. Isso gera violência e temor nas aldeias", explica.

Em reunião com a administradora regional da Fundação Nacional do Índio, Margarida Nicoletti, os manifestantes reclamaram da falta da segurança e cobraram o retorno das forças policiais nas aldeias. Eles pediram para que ela assinasse um documento, se comprometendo a intensificar os trabalhos no intuito de levar as forças policiais de volta para dentro da Reserva. O grupo pretende denunciar a situação de Dourados em Brasília caso a Funai não apresente soluções concretas para o problema nos próximos dias.

Margarida disse ao site Douradosagora e ao Jornal O Progreso, que não é competência da Funai determinar a volta ou não do policiamento ostensivo, mas sim de todos as esferas públicas. Ela contou que já vem solicitando todos os pedidos dos indígenas com relação a segurança, através de articulações e projetos que já estão funcionando na aldeia, como o Conselho de Segurança. Margarida afirma que apoia a causa e que fará novos contatos a fim de tentar solucionar o problema. Ela disse ainda que já encaminhou documentação para todas as forças policiais em Dourados autorizando a entrada de agentes nas aldeias.

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