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Criança yanomami está vivendo no Hospital Santo Antonio

Brasil Norte-Boa Vista-RR
Autor: Reynesson Damasceno
10 de Nov de 2003

A criança recebe o carinho dos funcionários do Hospital, que doam brinquedos, roupas, perfumes, sabonete e fraldas

A criança está há cinco meses no Hospital da Criança Santo Antônio

Em razão da cultura dos povos Yanomami, uma criança nascida em abril deste ano foi abandonada pela mãe, por ter nascido com má formação congênita. A menina nasceu com o esôfago fechado e com o ânus sem abertura.
Depois de abandonada, membros de uma Organização Não-Governamental (Ong) que trabalham na área indígena, a trouxeram até Boa Vista, onde ela ficou internada na Maternidade por um mês, depois foi transferida para o Hospital da Criança Santo Antônio, onde está há cinco meses.

Sem o apoio da família, a criança recebe até hoje o carinho dos funcionários do Hospital, que doam brinquedos, roupas, perfumes, sabonete e fraldas.
No bloco F do Hospital da Criança, os enfermeiros e auxiliares que ficam no plantão se responsabilizam em cuidar da criança, que já virou o xodó das equipes de enfermagem.

A enfermeira Isabel Filisola contou que através de uma funcionária que trabalha no Hospital à serviço da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), a menina foi registrada oficialmente. A escolha do nome surgiu em pesquisa realizada entre os funcionários, o nome vencedor tem as iniciais N.R.I.
Isabel disse que N.R.I. fez uma correção cirúrgica, onde foram abertos orifícios para que ela comesse (atualmente isso só ocorre através de sonda) e para fazer suas necessidades fisiológicas.

Segundo a enfermeira, a preocupação dos funcionários que hoje cuidam da criança é que ela, ao retornar para a sua comunidade, não se adapte com os costumes indígenas e o pior: que seja rejeitada pelos problemas de saúde e venha morrer.
"Acho que a Justiça tem que ser acionada e seja aberto um processo de adoção, mas não sabemos se isso pode acontecer, afinal de contas, essa criança precisa de cuidados médicos e não pode mais retornar para a comunidade", disse.

Promotor
O promotor da Infância e Juventude, Márcio Rosa, disse que a criança indígena rejeitada pelos pais por conta da doença pode ir para adoção.
Segundo ele, isso só ocorre se for comprovado e nesse caso, se houver interessados, eles devem pedir isso na Justiça, seja através de um advogado particular ou da Defensoria Pública. De acordo com ele, o local a ser procurado é o Juizado da Criança e do Adolescente.

O promotor disse também que indígena ou não indígena, sendo criança está inserida no Estatuto da Criança e do Adolescente.
"Ficando provado que a criança foi banida pelos pais, ela pode ir para adoção, o que é ilegal é os pais entregarem para alguma família cuidar, sem os trâmites legais", disse.

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