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Criado Conselho de Desenvolvimento

Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
Autor: REBECA LOPES
27 de Nov de 2002

Na reunião realizada dia 25, entre representantes de vários setores produtivos e duas associações indígenas, foi criado o Conselho de Desenvolvimento de Roraima. Além de propor políticas públicas para o desenvolvimento do Estado e a defesa de seus interesses, um dos principais temas da entidade será discutir soluções para resolver a questão fundiária de Roraima. O senador eleito, Augusto Botelho, foi escolhido presidente.
O empresário e ex-presidente da Associação dos Rizicultores, Paulo César Quartiero, comentou que houve consenso das classes envolvidas na escolha de Botelho para presidência por sua credibilidade junto à população. "Além disso, como senador ele poderá adiantar os serviços e dar mais qualidade e respeitabilidade ao Conselho".
A preocupação com as demarcações de terras indígenas em área contínua, fez com que várias entidades se reunissem para discutirem e buscarem alternativas ao problema fundiário. Na próxima semana, o Conselho começará elaborar um documento para subsidiar o governo estadual na tentativa de resolver a questão junto ao governo federal.
Paulo César disse que o maior problema está na pretensão da Funai (Fundação Nacional do Índio) de demarcar em área contínua, o que inviabilizaria o desenvolvimento no Estado. "Ninguém é contra a demarcação, mas é preciso dar condições para que os índios produzam nas terras em benefício próprio e da sociedade", disse.
Os segmentos que compõem o Conselho são Associação dos Rizicultores, Associação dos Criadores de Gado (Acriger) e Associação dos Pecuaristas do Sul do Estado, Cooperativa de Carne (Coopecarne), Grão Norte, Grupo de Plantadores de Soja e Milho e Associação dos Produtores Rurais do Amajari.
Até o momento, fazem parte do conselho a Sociedade de Defesa dos Índios Unidos do Norte de Roraima (Sodiur) e Associação de Desenvolvimento das Comunidades Indígenas de Roraima (Alidcir) como representantes dos índios. Segundo Quartiero, qualquer grupo ou associação pode participar do Conselho.
SODIUR - Para o presidente da Sodiur, Silvestre Leocádio da Silva, as representações indígenas entram no processo por terem o mesmo interesse em resolver o problema e acreditar que a única forma de viabilizar o objetivo é a união entre a sociedade envolvente e comunidades indígenas. "Acho que é o único caminho para o desenvolvimento".
Silvestre espera que com o efetivo funcionamento do Conselho, representantes de comunidades indígenas tenham vez e voz. Além de conseguir apoio técnico e financeiro para que a entidade melhore seu funcionamento, a expectativa do presidente é uma solução para que os índios trabalhem dentro da própria terra. "O caminho passa pela união de todos. Eles têm condições de oferecer as técnicas para produzirmos e nos temos a terra", disse.
Leocádio disse ser contra a demarcação em área continua porque, segundo ele, quem sofre as conseqüências são os próprios índios que ficam desamparados, sem produzir nada e dependendo da ajuda das ONGS (Organizações Não-Governamentais), Igreja Católica e Funai.
"Não queremos ficar pedindo e sim produzindo, recebendo do nosso suor. Basta as comunidades do Taiano que foram demarcadas e hoje não têm desenvolvimento. Para que demarcar mais 360 km e deixar nossos irmãos fazendo o quê?", disse. Funcionando desde 1993, a Sodiur representa o interesse de aproximadamente 8.400 indígenas.

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