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Criada nova articulação indígena nacional

Cimi-Brasília-DF
17 de Nov de 2005

Criada nova articulação indígena nacional A grande mobilização indígena do primeiro semestre - o Abril Indígena - deu mais um fruto neste final de ano. Em encontro realizado em Brasília na semana passada, lideranças de todo o país debateram a situação do movimento indígena nas diversas regiões e do país e, cumprindo orientação definida em abril, criaram a APIB: Articulação dos Povos Indígenas do Brasil. "É importante termos representação dos indígenas aqui em Brasília, para responder às demandas das mobilizações - principalmente no congresso e na relação com o governo Federal. E para conseguir unidade nas decisões e planejamento conjunto", afirma Chico Preto, do povo Apurinã e da Coordenação das Organizações indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab). Segundo ele, a nova articulação buscará fortalecer as atividades regionais para, assim, fortalecer também o movimento indígena nacional.
Esta nova articulação se inscreve na história dos esforços dos povos indígenas em constituir mecanismos de consulta, intercâmbio e coordenação das suas lutas, ao mesmo tempo em que se cria um espaço comum de análise e reflexão sobre a realidade indígena em âmbito nacional e um fórum capaz de elaborar estratégias conjuntas para a interlocução com o Estado e com a sociedade.
Os povos indígenas, desde a última ditadura militar (1964-1985) buscaram elaborar redes de contato e estruturas de representação nacional que dessem conta da articulação entre os povos e da interlocução externa. Estas buscas tiveram início com a criação da Unind (União Indígena), durante os anos 70, continuaram com a UNI (União das Nações Indígenas), ao longo dos anos 80 e criaram um novo formato a partir de 1992, com a criação do Capoib (Conselho de Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Brasil).

Após Conferência Indígena de Porto Seguro, de abril de 2000, que congregou mais de 3.600 lideranças de 180 povos de todo o país, o movimento indígena continuou parcialmente articulado, através da Comissão pós-Conferência e através de organizações regionais, como a Coiab, na região Amazônica, e a Apoinme (Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo), no nordeste e leste do país.

Já no governo Lula, em reação à aproximação deste com políticos e com militares antiindígenas, uma primeira iniciativa foi a criação do Fórum em Defesa dos Direitos Indígenas (FDDI), que agrega o movimento indígena e as entidades indigenistas, com os objetivo de traçar uma linha comum de resistência em defesa dos direitos constitucionais e de construir estratégias conjuntas de ação.

O FDDI realizou o Abril Indígena, que reuniu em 2005 mais de 800 lideranças de todo o país, na Esplanada dos Ministérios, Brasília, para definir objetivos estratégicos comuns. A proposta de criação de uma nova articulação dos povos indígenas, de abrangência nacional, foi aprovada neste contexto. A criação da Comissão Nacional de Política Indigenista foi outra das reivindicações da mobilização, e sua constituição está sendo encaminhada.

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