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CPRM anuncia investimentos em Roraima

Folha de Boa Vista - http://www.folhabv.com.br/fbv/noticia.php?id=74648
Autor: ANDREZZA TRAJANO
19 de Nov de 2009

O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) vai ampliar os investimentos de projetos em Roraima para o próximo ano, segundo informou a Folha o presidente da instituição, Agamenon Dantas. Ele está no Estado para cumprir agenda de comemoração aos 40 anos do órgão, completados em 15 de agosto deste ano.

Para 2010 o orçamento da CPRM está estimado em R$ 400 milhões, sendo R$ 200 milhões destinados para projetos de pesquisa geológica e de recursos minerais. Ainda está sendo feita avaliação técnica para definir a distribuição do montante, mas Dantas já adiantou que o Estado receberá uma boa parcela.

Hoje existem em todo o País 210 projetos em execução. Em 2003, quando assumiu a atual presidência, eram apenas três estudos. Os recursos das pesquisas são oriundos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

De acordo com o superintendente regional do Serviço Geológico do Brasil, Marco Oliveira, duas pesquisas estão em andamento no Estado. A primeira, relacionada às rochas ornamentais, teve início ano passado em Roraima.

Conforme ele, já foi concluído parte do estudo com o levantamento de 22 tipos de rochas que têm aptidão para exploração comercial, principalmente no mercado regional e nacional. As rochas foram encontradas em Mucajaí, Amajari e nos municípios do Sul do Estado.

"Hoje existe um produtor roraimense que já faz ladrilhos, pisos e também pias de rochas ornamentais. A produção dele não tem conseguido atender a demanda de Roraima, de tanta procura, e a ideia é ainda exportar para Manaus", enfatizou Oliveira.

O abastecimento de água no Estado também é outro enfoque da CPRM. "Com exceção de Boa Vista e Bonfim, em todos os outros municípios o embasamento é de rochas duras, onde é difícil localizar um bom aquífero [reservatório de águas subterrâneas]. Então o risco de se furar um poço e ele ser seco é grande. Logo é preciso fazer um trabalho de prospecção geofísica, terrestre, onde se consiga locar os alvos e a empresa possa perfurar com mais chance de encontrar água. E isso está sendo feito em Roraima com uma equipe de profissionais que está trabalhando em Rorainópolis", explicou o superintendente.

MONITORAMENTO - O Serviço Geológico do Brasil também trabalha com o monitoramento hidrológico. Na Amazônia existe a previsão de implantar um sistema de alerta de cheia para todas as capitais, como já ocorre em Manaus (AM). Para Boa Vista está em estudo uma metodologia que se adeque aos tipos de rios do Estado.

O alerta de Manaus existe há 20 anos, e este ano previu a maior cheia do rio Negro nos últimos 100 anos. Esta previsão fez com que, segundo a Defesa Civil daquele Estado, o número de desabrigados fosse 10% do esperado.

Na região também está em andamento o projeto Cartografia da Amazônia, em parceria com o Exército, Marinha e Aeronáutica, para resolver o problema do vazio cartográfico existente na região. O projeto está orçado em R$ 350 milhões e deve levar seis anos para ser concluído. A Marinha está fazendo os mapas náuticos, o Exército, os topográficos e a CPRM, os mapas geológicos.

TERRA INDÍGENA - A mineração em terra indígena ainda depende de autorização do Congresso Nacional, mas a instituição tem legitimidade para trabalhar nas reservas. O Serviço Geológico do Brasil tem a visão de proteger e conservar a riqueza mineral não somente das áreas indígenas, como também das unidades de conservação ambiental.

De acordo com o presidente do órgão, Agamenon Dantas, a potencialidade da riqueza mineral de Roraima é pouco conhecida. "O que existiam eram informações espaças, não sistemáticas. Agora estamos começando a trabalhar no mapeamento geológico do Estado de maneira mais completa. Todo mundo sabe que aqui existe diamante, uma vez que já houve a exploração artesanal, mas nós estamos fazendo os registros sobre a potencialidade desses diamantes", destacou.

Segundo ele, este trabalho vai definir áreas potencialmente interessantes, para que possam ser exploradas de maneira racional e ambientalmente sustentável. O trabalho faz parte do projeto Diamantes do Brasil.

Outra questão também trabalhada na região Sul de Roraima, por meio de pesquisa nacional, é a localização de fosfato, considerado um dos maiores gargalos da economia brasileira. Os pesquisadores já encontraram calcário no Bonfim, no começo deste ano.

GEOFÍSICA - Em 2010, o Serviço Geológico do Brasil também vai realizar um levantamento aereogeofísico no Estado, por meio de aeronaves com sensores, capazes de captar o magnetismo e radiação das rochas. Essa atividade ajuda no mapeamento geológico e na identificação dos alvos para exploração mineral.

Entidade foi criada no fim da década de 60

O Serviço Geológico do Brasil foi criado no final da década de 60, ainda durante o governo militar, com o objetivo de avançar o conhecimento do subsolo brasileiro e procurar recursos minerais.

Foi responsável por muitos anos pela descoberta de inúmeras jazidas no País, que hoje sustentam basicamente 7% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Teve período expressivo de atuação até a década de 80. Passou por um tempo de esquecimento pelos governos anteriores, chegando ao sucateamento, e voltou a receber investimentos 20 anos depois, já no primeiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Anteontem, o Serviço Geológico do Brasil abriu exposição de coleções petrográficas, mapas, fotos, acervo bibliográfico, banco de dados hidrológicos e geológicos no hall do prédio do Núcleo de Pesquisa e Educação Ambiental (Projeto Hydros). A exposição fica disponível até hoje. Também realizou ciclo de palestras com renomados profissionais do ramo da Geologia.

Ontem houve solenidade em homenagem aos 40 anos da CPRM, na Assembleia Legislativa de Roraima. Na oportunidade houve exposição de trabalhos da empresa na Amazônia.

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