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Corte de verba reduz programa de investimento em parques nacionais

Valor Econômico, Brasil, p. A2
24 de Jun de 2013

Corte de verba reduz programa de investimento em parques nacionais

Por Letícia Casado e Guilherme Serodio
De São Paulo e do Rio

O projeto Parques da Copa, lançado em 2010 durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não andou. A um ano do início da Copa do Mundo o programa, que previa investimentos de R$ 668 milhões para prover 23 parques nacionais de infraestrutura para receber turistas durante o campeonato, teve orçamento e metas reduzidos.
Agora, o objetivo da parceria entre os ministérios do Meio Ambiente e do Turismo é investir R$ 134 milhões, segundo estimativa do Instituto Chico Mendes (ICMBio), autarquia vinculada ao Meio Ambiente e responsável pela administração das unidades de conservação, em 12 parques e duas áreas protegidas.
Os gastos públicos com a Copa do Mundo têm sido bastante criticados nas manifestações que tomaram as ruas do Brasil nas últimas duas semanas. Mas as críticas se dirigem, principalmente, aos investimentos nos estádios - cerca de R$ 7 bilhões. Balanço divulgado na semana passada pelo Grupo Executivo da Copa do Mundo (Gecopa), do Ministério do Esporte, estima gastos públicos de R$ 28 bilhões, até agora, com a Copa - esse valor pode chegar a R$ 33 bilhões.
As explicações para a revisão das metas do projeto divergem: enquanto o Ministério do Turismo diz que faltam recursos e pede mudanças no programa, o ICMBio diz que foram a falta de formalização e a grande quantidade de implementações necessárias aos parques que prejudicaram o projeto.
O projeto inicial previa que metade do valor seria destinada a melhorias na infraestrutura dos parques, sendo um terço por meio de concessões para a iniciativa privada. O restante dos recursos seria investido em parceria com o Ministério do Turismo no entorno dos parques, com foco em obras nas estradas e aeroportos.
Mesmo os parques que permanecem no programa não estão recebendo recursos. Segundo o Valor apurou, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, região serrana do Rio, apenas 5 das 16 iniciativas previstas saíram do papel desde o começo do programa, todas custeadas por recursos orçamentários.
O aumento no fluxo de visitantes nos parques nacionais é uma realidade, aponta o próprio ICMBio: cresce 10% ao ano. E as perspectivas são boas, segundo o instituto, devido ao aumento de turistas em função dos grandes eventos esportivos.
O ICMBio diz que o Parques da Copa nunca chegou a ser formalizado como projeto, é uma "iniciativa de parceiros", e que o valor anunciado em 2011, de R$ 668 milhões "não é real". A diferença entre projeto e iniciativa está na obrigatoriedade de destinação de recursos. O projeto precisa ter normas gerais sobre licitações e contratos administrativos pertinentes a obras e serviços, é oficial e registrado no Orçamento. A iniciativa é livre e não segue as mesmas regras.
As articulações em torno do Parques da Copa começaram em 2009. A demora em aprovar os projetos executivos para as licitações das obras nos parques acabou tornando inviável levar adiante o projeto da maneira como foi concebido. Assim, o instituto optou por priorizar um número menor de parques e apenas dotá-los de infraestrutura turística.
"Nunca ninguém apareceu em nenhum lugar com isso [os detalhes do projeto] em mãos, por isso prefiro chamar de iniciativa", disse o presidente do ICMBio, Roberto Vizentin. Apesar disso, o ICMBio chegou a colocar em seu site na internet um documento, com detalhes sobre o Parques da Copa e a previsão de R$ 668 milhões em investimentos.
Vinicius Lummert, secretário nacional de Políticas de Turismo, afirma que o Parques da Copa estava parado por falta de recursos quando ele assumiu a secretaria, em dezembro passado. O ICMBio, no entanto, afirma que desde o ano passado a União tem viabilizado recursos para o projeto por meio do Ministério do Turismo, mediante convênios com os Estados.

Valor Econômico, 24/06/2013, Brasil, p. A2

http://www.valor.com.br/brasil/3171712/corte-de-verba-reduz-programa-de…

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