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Córrego para obra de supergasoduto na Serra do Mar

OESP, Metrópole, p. C1
23 de Fev de 2011

Córrego para obra de supergasoduto na Serra do Mar
Petrobrás drenou várzea de manancial que abastece parte da Grande São Paulo; estatal já tem plano para remediar estragos

Eduardo Reina

Um córrego no meio da Serra do Mar fez parar a construção de um dos maiores gasodutos da Petrobrás no País. A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) embargou a obra na semana passada em Rio Grande da Serra, região do ABC. Isso porque a área de várzea do Ribeirão da Estiva estava sendo drenada pelas máquinas.
O córrego é utilizado para abastecimento de parte da Região Metropolitana de São Paulo. Trata-se do quarto embargo do empreendimento em pouco mais de três meses.
Batizado de Gasan 2, o gasoduto vai transportar a produção de gás natural da Bacia de Santos e, futuramente, do pré-sal. Orçado em US$ 45 milhões, tem 39 quilômetros e seus dois grandes dutos vão cortar as cidades de Santo André, São Bernardo do Campo, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra em pleno Parque Estadual da Serra do Mar.
A instalação dos dutos teve início em 28 de maio do ano passado. A previsão da Petrobrás é concluir a obra - que ligará as Estações de São Bernardo do Campo, localizada no alto da serra, e Controle de Gás de Mauá, perto da Refinaria de Capuava - em maio deste ano. O gasoduto vai ainda facilitar e aumentar o transporte de gás entre Caraguatatuba e a Refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão. O empreendimento tem capacidade de transportar 7 milhões de m³/dia.
A estatal informou, por meio de nota, que não deverá haver atraso na entrega. Segundo a Petrobrás, já foi apresentado à Cetesb um "procedimento" para "remediar" a várzea do Ribeirão da Estiva. A proposta apresentada é a mesma enviada anteriormente, mas, a pedido da companhia paulista, tem mais detalhes.
Billings. A paralisação ocorreu depois que foi feita a drenagem da várzea do Ribeirão da Estiva, na cidade de Rio Grande da Serra. Máquinas da empreiteira contratada para a obra jogaram terra para secar parte da área e colocar os canos. A Cetesb acionou a Polícia Militar Ambiental e embargou a obra.
O Estiva é um braço da Represa Billings, que abastece cerca de 35 mil moradores dos municípios de Rio Grande da Serra e Ribeirão Pires. A produção diária do córrego chega a 100 litros/ segundo.
O ribeirão integra o Sistema Rio Grande, que produz 4,8 mil litros de água/ segundo e abastece 1,6 milhão de pessoas em Diadema, São Bernardo do Campo e parte de Santo André.

Construção já teve três embargos municipais
Prefeituras de Santo André, São Bernardo do Campo e Ribeirão Pires fizeram parar a obra por falta de licenças

Eduardo Reina

Além da paralisação determinada pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), três prefeituras do ABC já embargaram a construção do gasoduto da Petrobrás.
Na semana passada, a administração de São Bernardo do Campo mandou parar a obra em seu território por falta de projeto e de licença para terraplenagem. Em novembro, a construção já havia sido suspensa pela prefeitura de Ribeirão Pires - por falta de licença ambiental municipal. O mesmo problema foi identificado pela prefeitura de Santo André em dezembro, que também mandou parar a obra.
"Não apresentaram projeto de terraplenagem para a prefeitura. Sem isso, não há licença. Estão fazendo a obra sem autorização", afirmou o secretário de Desenvolvimento Urbano de São Bernardo, Alfredo Buso.
Compensação. No fim do ano passado, a prefeitura de Ribeirão Pires embargou e multou a empreiteira contratada pela Petrobrás em R$ 823.463 - já pagos - por ter iniciado a construção sem licença ambiental municipal e ter suprimido árvores em uma área de 5 mil metros quadrados. Após o embargo, a empreiteira contratada pela Petrobrás para realizar aquele trecho da obra - a Contreras Engenharia e Construções - se comprometeu a mapear as áreas de preservação permanente ao lado do canteiro, plantar 1,8 mil árvores, repor 12 mil m² de cobertura vegetal em área degradada e monitorar as águas subterrâneas de um aterro em Ribeirão Pires.
O embargo em Santo André se deu por falta de alvará municipal para a movimentação de terra, que deveria ser emitido pela Secretaria de Gestão de Recursos Naturais. A cidade recebeu oito quilômetros de tubulação. "Eles chegaram com as máquinas e foram trabalhando. Entendiam que somente a licença estadual era suficiente", explicou o secretário Eduardo Sélio Mendes Júnior. A administração multou a construção duas vezes - cada autuação no valor de R$ 178 mil.
Estadual. A Cetesb informou que o empreendimento está licenciado apenas no âmbito do sistema estadual de meio ambiente. De acordo com técnicos da companhia, a Petrobrás chegou a ser "negligente" por não tomar o cuidado de checar a responsabilidade das empreiteiras com a questão ambiental.
Para a instalação dos dutos de gás na Serra do Mar foi necessário abrir clareiras. Grandes tratores fizeram o serviço e troncos de árvores estão empilhados ao lado da via aberta para a colocação da tubulação.
Foram desmatados - com licença da Cetesb - cerca de 70 mil metros quadrados de Mata Atlântica. A Petrobrás informou que fará o reflorestamento de 131,22 hectares como forma de mitigação pela intervenção em 69,72 hectares de vegetação para a construção do Gasan 2. A estatal alegou ainda que a intervenção na mata e a reposição da vegetação seguem critérios definidos pela Cetesb.

Termoelétricas da capital e de Cubatão serão beneficiadas

Eduardo Reina - O Estado de S.Paulo
Quando a tubulação do Gasan 2 estiver operando normalmente, todos os moradores da Região Metropolitana de São Paulo deverão ser beneficiados pelos novos equipamentos.
De acordo com a Petrobrás, os 7 milhões de m3/dia de gás transportados pelos novos dutos vão alimentar as termoelétricas Fernando Gasparian, na capital, e Euzébio Rocha, em funcionamento em Cubatão.
Os técnicos do setor estimam que a energia elétrica gerada nas duas usinas será capaz de alimentar uma cidade com pelo menos 5,9 milhões de habitantes. O gás também será revendido para distribuidoras, incluindo a Companhia de Gás de São Paulo (Comgás).

OESP, 23/02/2011, Metrópole, p. C1

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110223/not_imp683338,0.php

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110223/not_imp683349,0.php

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110223/not_imp683357,0.php

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