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Corredor une areas na Bacia do Rio Uruguai

GM, Meio Ambiente, p. A8
09 de Nov de 2004

Corredor une áreas na Bacia do Rio Uruguai

Os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina querem criar um corredor ecológico em torno da Bacia do Rio Uruguai. A idéia é formar uma rede de mais de mil quilômetros, unindo unidades de conservação, parques, reservas e áreas privadas de uso menos intensivo, para recuperar a mata ciliar, garantir a sobrevivência do maior número de espécies e o equilíbrio do ecossistema da região. A proposta será levada hoje ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA), conforme informou o secretário do Desenvolvimento Social, Urbano e Meio Ambiente de Santa Catarina, Sérgio José Godinho, durante Encontro Regional de Jornalistas e Comunicadores Ambientais, em Porto Alegre.
O evento reúne profissionais de 11 países, que estão na capital gaúcha para discutir a gestão de bacias e aqüíferos compartilhados na América Latina e Caribe. A promoção é da Rede de Comunicação Ambiental da América Latina e do Caribe e também do Projeto para Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Sistema Aqüífero. O encontro antecede o II Fórum Internacional das Águas, que começa hoje à noite.
"O projeto de um corredor de biodiversidade no Rio Uruguai faz parte das ações para preservação do Aqüífero Guarani, um dos maiores reservatórios de água subterrânea do mundo", afirma Godinho. Esta região hidrográfica apresenta grande relevância para o Brasil em função das atividades agro-industriais desenvolvidas e de seu potencial hidrelétrico. A área total da bacia é de 385 mil Km², sendo que 45% estão situados em território nacional, sendo 27% em Santa Catarina e 73% no Rio Grande do Sul. O consultor em Meio Ambiente, Eduardo Peixoto, explica que a proposta prevê uma estrutura de proteção de cem metros de cada lado do rio Uruguai, que, além de permitir uma melhora qualidade da água e recuperação da vegetação, funcionaria de forma a facilitar a conexão genética das espécies, com a dispersão da fauna.
As ações desenvolvidas no Aqüífero Guarani dominaram as discussões de ontem. O sistema é um dos maiores reservatórios de água do mundo, com 37 mil quilômetros cúbicos acumulados e um processo natural renovável de 166 km³. Essa água se encontra em poros e fissuras de arenitos, cobertos com basalto. Geograficamente, estende-se pelo Brasil (840.000 Km²), Paraguai (58.500 Km²), Uruguai (58.500 Km²) e Argentina, (255.000 Km²), área equivalente aos territórios de Inglaterra, França e Espanha juntas. Sua maior ocorrência se dá em território brasileiro (2/3 da área total), abrangendo os estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Alguns números e informações dão a dimensão da importância de se proteger este manancial. A água subterrânea, por exemplo, tem importante papel no abastecimento público de muitas cidades de São Paulo. Dados do final da década de 90 já mostravam que 72% dos 645 municípios eram total ou parcialmente abastecidos por esse recurso hídrico e 47% deles eram inteiramente abastecidos por água subterrânea.

GM, 09/11/2004, Meio Ambiente, p. A8

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