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Corporações buscam se fortalecer com propostas aos presidenciáveis

DCI - https://www.dci.com.br/politica/
06 de Ago de 2018

Corporações buscam se fortalecer com propostas aos presidenciáveis
Especialista adverte que os candidatos correm o risco de assumir demandas que podem representar "cascas de banana" com a concentração de benefícios e alto custo para a sociedade

ABNOR GONDIM - BRASÍLIA
Publicado em 06/08/18 às 05:00

Movimentos e grupos organizados da sociedade civil aproveitam a definição das chapas partidárias para tentar se fortalecer aumentando a pressão sobre os candidatos à Presidência da República até mesmo para que assumam compromissos inviáveis.
Especialistas em análise política ouvidos pelo DCI apontam que essa ofensiva lançada na semana passada é oportuna e legítima ao buscar compromissos do próximo governo. Mas os candidatos devem evitar esses apelos porque as demandas por vezes são impraticáveis.
Já foram encaminhadas aos presidenciáveis demandas de setores ligados à segurança pública e combate à violência, saúde, agronegócios e meio ambiente, e educação. A Transparência Internacional também pretende encaminhar 70 propostas de combate à corrupção.
Com a definição das chapas nas últimas convenções partidárias, o movimento das corporações e grupos organizados, que pode ser entendido como de cobrança de um compromisso em relação às propostas, deve aumentar. O cientista político Eduardo Grin, da Fundação Getulio Vargas, adverte que os candidatos devem ter postura para evitar se comprometer com pressões que podem ter elevado ônus aos cofres públicos.
"Os candidatos precisam ser éticos para receber essas propostas com transparência e evitar se comprometer com demandas que seguramente são 'cascas de banana', porque concentram benefícios e representam elevados custo para a sociedade", alertou.
Mais pressões
Especialistas apontam que a maioria das pressões vêm de corporações bem estruturadas que já tem bancadas no Congresso. Querem agora o apoio do Executivo para ter mais chances de emplacar suas propostas. De acordo com o cientista político David Fleischer, do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), haverá mais pressão dos setores organizados mais fortes da sociedade civil.
"Essa pressão vai ter trânsito porque o próximo presidente dependerá desses segmentos para governar, porque eles são fundamentais para a manutenção do presidente no cargo, em caso de denúncias, e também para a aprovação de outras pautas", previu o cientista.
Organizados e robustecidos pela representação no Congresso e pelo poder econômico, esses setores já apresentarão sua agenda inclusive com estratégias para impedir que as pautas enfrentem problemas jurídicos e questionamentos no Supremo Tribunal Federal (STF), de acordo com a avaliação do especialista.
"E isso pode ser injusto com setores menores da sociedade, que têm menos força. Vão ficar, de alguma forma, coagidos, sem oportunidade para também impor sua pauta. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), por exemplo, não vai ter tanto espaço, por ser financeiramente mais fraco do que esses grupos", explicou Fleischer.
Excluídos
O analista político e diretor de Documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antonio Queiroz, apresenta uma avaliação mais ampla. Segundo ele, há grupos que representam setores excluídos da sociedade com força institucional suficiente para colocar suas prioridades entre as ações evidenciadas pelo próximo chefe do Executivo.
"E os candidatos não podem ser seletivos, têm que ouvir os empregados domésticos, os gays, os indigenistas. O candidato tem que receber de modo abrangente todas as demandas", defendeu o analista.
Organizações não-governamentais divulgaram, na última quinta-feira (2), uma agenda prioritária de segurança pública para os candidatos à Presidência. O Fórum de Segurança Pública e os institutos Sou da Paz e Igarapé se reuniram para apresentar aos postulantes soluções para combater as estruturas do crime organizado e reduzir a violência.
Em contrapartida, há presidenciáveis que escolhem grupos para encaminhar suas solicitações. Por exemplo, o Instituto Socioambiental recebeu demandas de alguns presidenciáveis para apresentar propostas sobre meio ambiente, economia da floresta, terras indígenas e quilombolas.

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