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COP: Brasil e China divulgam relatorio

OESP, Vida, p.A16
11 de Dez de 2004

COP: Brasil e China divulgam relatório
Brasil e China apresentaram oficialmente ontem aos membros da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança Climática, em Buenos Aires, o primeiro relatório sobre suas emissões de gases de efeito estufa.
Herton Escobar, com EFE
A secretária executiva da Convenção, Joke Waller-Hunter, chamou as duas apresentações de "fato histórico" e parabenizou os dois países ao destacar que esses relatórios são "uma mostra do compromisso das nações" com os objetivos da ONU no assunto.
A apresentação dos relatórios durante a X Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, que está sendo realizada em Buenos Aires até o dia 17 de dezembro, é de singular importância, já que Brasil e China são países em desenvolvimento que nos últimos anos alcançaram um alto grau de industrialização.
Apesar de a Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática obrigar os países signatários a informar sobre emissões de gases, China e Brasil vinham adiando a apresentação de seus relatórios há vários anos.
No caso do Brasil, em 1994, ano tomado como base para elaborar o relatório, foram emitidos 1,03 bilhão de toneladas de dióxido de carbono e 13,2 milhões de toneladas de gás metano.
Em 1990, as emissões de carbono haviam sido de 979 milhões de toneladas.
O desmatamento é a principal causa do aumento das emissões. Por isso, o governo brasileiro iniciou um plano intensivo para deter a destruição da floresta tropical, principalmente na Amazônia.
Além disso, o diretor do Departamento de Ambiente do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Everton Vargas, assegurou que seu país está "comprometido com a redução dos gases do efeito estufa".
No caso da China, em 1994 foram emitidos 2,6 bilhões de toneladas de dióxido de carbono (aproximadamente a metade das emissões dos Estados Unidos, o maior poluidor), 34,2 milhões de toneladas de metano e 850 mil toneladas de óxido nitroso.
"No próximo ano entrará em vigência o Protocolo de Kioto e outra história começará para nós. Esta comunicação nacional nos dá novo impulso para combater a mudança climática", afirmou o diretor do Departamento Legal do Ministério das Relações Exteriores da China, Gao Feng.
O representante chinês destacou que seu país tem programas de médio e longo prazo para reduzir as emissões de gases poluidores.
Na nação asiática, a previsão é que a mudança climática produzirá uma diminuição de 10% na produção agrícola entre 2030 e 2050, um fator de preocupação para um país que abriga 20% da população mundial e possui 7% das terras cultiváveis do planeta.
Outro importante gás que contribui para o efeito-estufa é o metano, que ocorre em menor quantidade na atmosfera, mas possui um poder de aquecimento cerca de 20 vezes maior do que o CO2. Nesse caso, a principal fonte de emissão no Brasil é a pecuária. Todo boi ou vaca emite metano naturalmente pela respiração, como um subproduto da degradação de fibras vegetais no estômago. Cabeça por cabeça não parece grande coisa, mas quando se tem um rebanho de 195 milhões de bovinos, o acúmulo torna-se significativo.
Segundo o inventário apresentado esta semana, 92% das 10 milhões de toneladas de metano emitidas pela agropecuária do Brasil entre 1990 e 1994 foram provenientes da "fermentação entérica" do gado. Em termos do efeito na atmosfera, é algo mais ou menos equivalente às emissões de CO2 do setor energético brasileiro no mesmo período, segundo o pesquisador Alfredo José Barreto Luiz, da Embrapa. Os cálculos são baseados em metodologias estabelecidas pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e aplicadas ao rebanho nacional, que na época somava 158 milhões de cabeças. "Todo ser ruminante do planeta emite metano. Não há como evitar isso", explica Luiz.
Pesquisadores agora estão desenvolvendo parâmetros específicos de emissão para o gado brasileiro, que varia de acordo com a raça, alimentação e método de manejo.

OESP, 11/12/2004, p. A16

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