Conta de luz voltará a ter sobretaxa em julho

Conta de luz voltará a ter sobretaxa em julho
Com menos chuvas, bandeira amarela será acionada, com cobrança de R$ 2 por 100 kWh

MANOEL VENTURA
manoel.ventura@bsb.oglobo.com.br

A bandeira tarifária que será aplicada nas contas de luz de todos os consumidores do Brasil em julho será amarela. Ou seja, haverá uma cobrança extra de R$ 2 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos em todas as residências e no comércio. A bandeira amarela é ativada quando é preciso acionar mais usinas termelétricas, por causa da falta de chuvas.
A informação foi divulgada ontem pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O sistema de bandeiras tarifárias é uma forma encontrada pela agência reguladora de recompor os gastos extras com a utilização de energia de usinas termelétricas, que é mais cara e mais poluente do que a de hidrelétricas.
A cor da bandeira é impressa na conta de luz (vermelha, amarela ou verde) e indica o custo da energia, em função das condições de geração de eletricidade. Quando chove menos, por exemplo, os reservatórios das hidrelétricas ficam mais vazios e é preciso acionar mais termelétricas para garantir o suprimento de energia no país. Nesse caso, a bandeira fica amarela ou vermelha, de acordo com o custo de operação das termelétricas acionadas.
Como choveu menos no mês passado e as barragens estão com níveis baixos, na maioria das localidades, aumenta a necessidade de acionar as térmicas.
As chuvas na região Sudeste, onde estão as principais hidrelétricas do país, deverão atingir 86% da média histórica, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
A situação dos reservatórios de água usados na produção de energia é mais preocupante do Nordeste. Na região, os reservatórios operam com 17,91% da capacidade.
No Sudeste e no Centro-Oeste, o nível de armazenamento está em 42,28%. No Sul, a situação é mais tranquila: 93,75% da capacidade de armazenamento dos reservatórios.
No mês passado, a bandeira tarifária foi verde, sem custo extra para os consumidores. Em abril, a Aneel havia acionado o patamar 1 da bandeira vermelha, com acréscimo de R$ 3 a cada 100 KWh consumidos. A mudança brusca surpreendeu analistas do setor, que apontam um descompasso entre os níveis dos reservatórios e o modelo de formação dos preços das bandeiras, já que esse sistema é mais sensível ao total de chuvas a curto prazo.

O Globo, 01/07/2017, Economia, p. 19

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