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Conta de luz vai ficar mais cara no país

FSP, Mercado, p. B1
01 de Out de 2010

Conta de luz vai ficar mais cara no país
Estudo indica que preço da energia elétrica no Brasil, já um dos mais elevados do mundo, subirá 30% em 5 anos
Aumento de produção de térmicas, mais caras, e renovação dos contratos de concessão são motivos para a alta

Agnaldo Brito
De São Paulo
Fabia Prates
Do Rio

A conta de luz dos consumidores brasileiros deve subir, em média, 30% nos próximos cinco anos. O cálculo é da PSR Consultoria, uma das principais empresas de estudos e análises de tendências do setor elétrico brasileiro.
Confirmada essa perspectiva, a energia no Brasil pode se consolidar na posição de mais cara do mundo, conforme já revelou recentemente reportagem da Folha.
A afirmação foi feita durante o 7 Enase (Encontro Nacional dos Agentes do Setor Elétrico), que ocorreu ontem no Rio de Janeiro.
A situação pode agravar um paradoxo. Apesar de o Brasil ser um dos líderes mundiais em geração de energia hidrelétrica, possui uma das tarifas mais altas.
Na literatura do setor, parques de geração hidrelétrica são sempre opção para oferta de energia mais barata.
Segundo Mário Veiga, presidente da consultoria, nesse horizonte de tempo a elevação das tarifas para os consumidores brasileiros (atendidos por distribuidoras como AES Eletropaulo, CPFL, Cemig, Cemar ou Ligth) ocorrerá por duas razões.
Devido à recontratação da energia de usinas cuja concessão vence entre os anos de 2013 e 2014 e também em razão do aumento da produção de energia de fontes termelétricas, como o gás natural -mais caras e mais poluentes do que a hidrelétrica.
O estudo da PSR, diz Veiga, foi feito a partir de "projeção detalhada" de demanda das 17 maiores distribuidoras de energia elétrica do país.
Para o governo, a primeira razão apontada pela PSR, ao contrário, poderá ajudá-lo a reduzir a tarifa para os consumidores.
"É um estudo baseado em premissas que ficam uma interrogação. Dependendo da premissa, um mesmo estudo pode chegar a resultados diferentes", disse o ministro de Minas e Energia, Marcio Zimmerman, no evento.
Segundo ele, a tendência é de redução dos custos de geração de energia elétrica no Brasil. "Eu tenho feito sempre declarações otimistas com relação a tendências de custos cadentes", apontou.
Como a solução para o problema do fim das concessões das hidrelétricas ainda é uma incógnita, o mercado tem dúvidas de que o governo consiga usar esse processo (de renovação das concessões ou de abertura de nova licitação) para baixar as tarifas. O assunto só será decidido pelo próximo presidente.
Quanto ao aumento da geração de energia de termelétricas, a situação é mais clara. A demanda por energia no Brasil é crescente. Como a maior parte do parque gerador é de fonte hídrica, o país é muito dependente de bons períodos de chuva.
Se durante um ano o volume de chuvas for inferior ao necessário, a situação já poderá ficar complicada. Dessa forma, o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico, órgão responsável por determinar quem gera energia para abastecer o país) pode acionar as termelétricas para poupar água nos reservatórios. E é o que tem feito.
Segundo Veiga, o governo subestima o acionamento das térmicas no momento em que são contratadas nos leilões. "Para o leilão, o governo faz uma hipótese de acionamento dessas termelétrica, mas, na vida real, essas usinas são acionadas com muito mais frequência."

CUSTO EXTRA
A geração térmica usada para economia da água nos reservatórios já redundou em custo de R$ 700 milhões e, segundo estimativa da PSR, pode alcançar R$ 1 bilhão.
A Abrace, associação que reúne os grandes consumidores de energia, afirma que até setembro essa conta já estava em R$ 1,1 bilhão.
O setor industrial tem criticado esse sistema. Alega que essa conta tem ficado alta e imprevisível, o que começa a criar problemas para o provisionamento nos balanços.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/me0110201002.htm

Estados da Copa terão linha de crédito especial

Mário Sérgio Lima
De Brasília

O CMN (Conselho Monetário Nacional) autorizou ontem as companhias de energia dos Estados que receberão jogos da Copa de 2014 a contratarem financiamento para empreendimentos que não estavam previstos no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
A partir dessa decisão, investimentos em projetos de distribuição de energia ou de reparos para aumentar o potencial das linhas já existentes também terão linha específica, com limite de até R$ 350 milhões, no BNDES.
Os empreendimentos, segundo o governo, poderão aumentar a segurança e a confiabilidade do abastecimento de energia e reduzir os custos. Além disso, por se tratar de melhorias em linhas já existentes, o impacto ambiental é reduzido.
As linhas existentes no PAC eram voltadas basicamente a projetos novos.
Na reunião de ontem do CMN, ainda foram estabelecidas as condições para a concessão dos financiamentos subvencionados do BNDES.
Uma das novidades é a criação de uma linha de crédito a empresas exportadoras de bens de capital e bens de consumo com renda anual bruta de até R$ 90 milhões.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/me0110201004.htm

FSP, 01/10/2010, Mercado, p. B1

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