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Consumo elevado de bebidas provoca mortes entre índios

Correio do Estado-Campo Grande-MS
Autor: Elvio Lopes
04 de Mai de 2002

O alto consumo de bebidas alcoólicas nas reservas indígenas da região já resultou em pelo menos 12 índios mortos nos últimos seis meses. Em um dos casos de ingestão de bebidas alcoólicas, quatro índios, embriagados, estupraram e assassinaram uma adolescente indígena. O mais recente assassinato aconteceu na última quarta-feira, na Aldeia Taquapiri, no município de Coronel Sapucaia, depois que dois indígenas, que passaram a tarde toda bebendo, se desentenderam. Este foi o terceiro crime dessa natureza registrado este ano naquela reserva indígena.

Nesses tipos de crime, a arma mais usada é a faca, que os índios carregam livremente na cintura, sem que sejam importunados por isso e que se constitui também em uma tradição entre eles. No crime de quarta-feira, Mauro Araújo, de 39 anos, foi morto com duas facadas no tórax por Felisberto Ramirez, de 27 anos, que fugiu para uma área indígena no Paraguai.

Outros crimes de violência cometidos por excesso de cachaça também foram registrados nas aldeias de Amambai e Limão Verde, naquele município, com um assassinato e três tentativas de homicídio este ano; na Aldeia Porto Lindo, em Japorã, apenas suicídios foram registrados este ano.

Na Reserva Indígena de Dourados, formada pelas aldeias Bororo e Jaguapiru, foram três assassinatos nos últimos seis meses, entre os quais o de uma adolescente, Rosinei Lopes, de 16 anos, estuprada e assassinada a golpes de faca por um grupo de quatro índios, todos presos.

Outras três mortes, duas das quais em circunstâncias ainda não esclarecidas pela polícia e um assassinato, foram registrados no mesmo período na Aldeia Lima Campo, uma área indígena formada há menos de dois anos à margem da BR-463.

Entre os indígenas desaldeados - que moram em localidades na zona rural de municípios da região - foram dois assassinatos, nos distritos de Itahum, de Dourados e Bocajá, de Laguna Caarapã.

Outras aldeias que não registraram assassinatos este ano foram a Jarará, em Juti; Tey-Cuê, em Caarapó, e Campestre, em Antônio João. Entretanto, o consumo de bebidas alcoólicas continua alto em todas elas. O maior problema é a falta de conscientização dos comerciantes da região que, mesmo sabendo da proibição e que a venda de cachaça aos índios pode levar à prisão, continuam efetuando esse tipo de comércio.

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