OESP, Nacional, p.A14
31 de Mar de 2005
Consórcio do crime no Pará. será investigado
Vannildo Mendes
A comissão externa do Senado que investigou a morte da freira Dorothy Stang, assassinada a tiros em 12 de fevereiro, no Pará, acredita que há pelo menos mais seis envolvidos num consórcio de grileiros formado para efetuar o crime. O relatório da comissão, entregue ontem ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), pede que o Ministério Público e a Polícia Federal continuem as investigações até que toda a associação criminosa seja desmantelada e presa. Até agora, estão presos o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, Bida, acusado de ser o mandante, os pistoleiros Rayfran Sales e Clodoaldo Batista e o comerciante Amair Feijoli da Cunha, suposto intermediário.
Segundo o relator da comissão, senador Demóstenes Torres (PFL-GO), um grupo de grileiros, integrado por Bida e outros seis, seria responsável pela onda de violência na chamada Terra do Meio, do Pará, que inclui grilagem de terras, pistolagem e desmatamentos ilegais. "Essa criou um verdadeiro caos ante a omissão dos governos estadual e federal", criticou Torres. O relatório também recomenda que o Poder Judiciário desmonte a máquina de grilagem, que consiste no esquentamento de títulos falsos de propriedade, com a conivência de juízes.
O consórcio, segundo apurou a comissão, destinava-se a expulsar posseiros de suas terras e financiar a morte de líderes comunitários. O relatório pede a permanência do Exército na região até o completo desmonte da estrutura criminosa e o restabelecimento da paz. Em outro trecho, elogia o que chama de "ação exemplar" das autoridades do Pará, incluindo as Polícias Militar e Civil, o Poder Judiciário e o Ministério Público, no esclarecimento rápido do homicídio conjuntamente com a PF.
Mas faz uma ressalva: "O esclarecimento do crime, não implica a descoberta de toda a cadeia de mandantes e de uma rede de suporte às atividades criminosas contra a preservação da floresta e contra os assentamentos sustentáveis". O relatório, aprovado por unanimidade, sugere a imediata instalação de uma comarca em Anapu, município onde foi assassinada a freira.
OESP, 31/03/2005, p. A14
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