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Conselho Nacional de Educação se reúne pela primeira vez em território indígena

Ministério da Educação/ACS
Autor: Ana Guimarães Rosa
06 de Mar de 2007

Representantes de mais de 50 comunidades indígenas de todo o país estarão reunidos nos dias 25, 26 e 27 de março com o Conselho Nacional de Educação (CNE). O encontro será no município de São Gabriel da Cachoeira, região do Alto Rio Negro, noroeste do Amazonas. É a primeira vez que o conselho se reúne em território indígena. "É um marco histórico para a questão escolar dos nativos", garante Gersen Baniwa, representante dos índios no CNE e militante do movimento há 20 anos.

De acordo com Baniwa, a iniciativa coroa um momento de institucionalização da temática indígena e de valorização de segmentos da sociedade brasileira que foram historicamente excluídos, como índios e quilombolas. "Houve uma duplicação do número de estudantes indígenas em todos os níveis de escolaridade nos últimos quatro anos. Esse avanço nos levou a perceber os desafios", disse Baniwa. A importância do evento é, segundo ele, encarar esses desafios, levantar propostas e ouvir os representantes das comunidades.

A trajetória do militante, doutorando em antropologia da Universidade de Brasília (UnB), é um exemplo da importância de se garantir a educação para os índios. "Depois que terminei o mestrado, percebo que tenho os mesmos instrumentos ideológicos, as mesmas ferramentas teóricas para discutir com qualquer autoridade branca", relata.

Professores - O crescimento do número de professores indígenas em turmas de licenciatura específica, que passaram de 380 em 2004 para 880 em 2006 demonstra uma preocupação crescente dos próprios índios quanto a sua escolarização. "Muitos acreditam que a educação seja a salvação das comunidades. Todos querem estudar", conta Baniwa. O Censo Escolar de 2005 registra a existência de 2.324 escolas indígenas, que atendem a 164 mil estudantes indígenas.

Dados do IBGE levantados em 2001 demonstram que existem 700 mil índios no Brasil atualmente. Em 1500, quando da chegada dos colonizadores portugueses, estima-se que existiam em torno de cinco milhões. A educação é um instrumento importante no resgate da cultura e da auto-estima dessas comunidades. "Não há como recuperar o que foi perdido. O resgate possível é a valorização da diversidade cultural brasileira e a criação de uma sociedade plural", explica Baniwa.

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