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Conselho Indígena Cinta Larga: Nota à Imprensa

COIAB
30 de Out de 2007

A noticia de uma operação da policia federal, apoiada possivelmente pelo Exercito, para retirar garimpeiros da terra indígena Roosevelt, nos próximos dias, agitou o povo Cinta larga, que teme uma onda de repressão, sobretudo contra suas principais lideranças.

Segundo o coordenador do Conselho do povo Cinta Larga, Marcelo Cinta Larga, depois do anúncio, a situação ficou mais tensa no interior da terra indígena, os caciques estão apreensivos, indignados e em estado de alerta. Para eles, "a real segurança do povo cinta larga não se faz com fuziu na mão nem com helicóptero de guerra, se faz com investimentos que propiciem o bem estar social do nosso povo". Contudo, dependendo do comportamento das Policia Federal e, possivelmente do exército, os índios se dizem preparados para defender o seu povo e seu território, responsabilizando o governo federal pelo que possa acontecer.

Os líderes são contrários à exploração mineral feita por não índios no interior da terra indígena. O governo não oferece alternativas de sustentabilidade: "sempre propusemos ao governo que, em nenhuma hipótese permitiríamos o ingresso de qualquer garimpeiro em nossa área, desde que o governo garanta a assistência social e promova a sustentabilidade do nosso povo", afirma Marcelo Cinta Larga.

Para as lideranças, esta situação se arrasta desde novembro de 2000. Milhões tem sido gasto em operações pirotécnicas que, nem de longe, trouxeram qualquer beneficio para seu povo. Enquanto isso continuam esquecidos pelo governo. Por isso preferem que o dinheiro que se investirá em mais esta operação seja melhor investido em projetos sociais, para o bem estar do povo Cinta Larga.

Segundo relato dos líderes, ao longo desses quase 07 anos, muitas reuniões foram realizadas com a presença do ministério Publico Federal, Ministério de Minas e Energia, Ministério da Justiça, Comissão de Direitos Humanos do Congresso Nacional, representante da organização das Nações Unidas (ONU) na área de direitos humanos, Agencia Brasileira de inteligência (ABIN), Ministério da Defesa, Polícia Federal (PF), FUNAI, IBAMA e representantes de algumas organizações não-governamentais. Durante essas reuniões houveram muitos compromissos. Nos anos de 2001 e 2003 houve dois momentos em que o garimpo ficou completamente desativado, pois os indígenas confiaram nas medidas prometidas. Contudo, nada mudou. O governo jamais cumpriu seus compromissos e os garimpeiros continuaram ingressando, até mesmo pelas bases montadas pela PF.

Face a esta situação, as lideranças exigem medidas urgentes para o atendimento das principais necessidades e demandas do seu povo, principalmente nas áreas da saúde, da educação, da proteção de seu território e aprovação do estatuto dos povos Indígenas, que prevê, entre outros assuntos, a regulamentação da exploração mineral nas terras indígenas.

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