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Conselho Indígena alega que arrozeiros dominaram riquezas na Raposa Serra do Sol

Agência Brasil
Autor: Marco Antonio Soalheiro
02 de Abr de 2008

A ganância de agricultores brancos é a razão apontada pelo Conselho Indígena de Roraima (CIR) para o agravamento da disputa entre índios e arrozeiros na Terra Indígena Raposa Serra do Sol.

Ouvido pela Agência Brasil na sede da entidade, o coordenador geral do CIR, índio macuxi Dionito José de Souza, lembrou que, ao ocuparem a área, a primeira ação dos arrozeiros foi proibir a caça e a pesca, atividades tradicionais da cultura indígena. Além disso, as promessas de geração de riqueza para todos não teriam se concretizado.

"Quando a pessoa quer 'enricar' [enriquecer] sozinha, quer tudo só para ela. Os rizicultores não nos favorecem, trabalham somente para o seu bolso. Acreditamos que ia ser bom, mas fomos ficando sem terra, sem saúde e sem educação que respeite a nossa cultura", recordou o Macuxi.

Desde a homologação da Terra Indígena em maio de 2005, os índios representados pelo CIR aguardam ansiosos a retirada dos brancos. Uma espera que já dura três anos e gera uma súplica para que a Polícia Federal não recue da operação de desintrusão: "Se ela [ PF] veio para fazer o trabalho, com o dinheiro da Nação empenhado, e o Estado brasileiro reconheceu o direito dos povos indígenas, vai ter que cumprir esse papel".

Agora os arrozeiros, acrescentou Souza, só não saem da Raposa Serra do Sol "se não tiver policial macho no Brasil". Mas Independente da ação da PF, o representante do CIR avisa que os índios saberão reagir diante de qualquer agressão por parte daqueles que insistem em permanecer n área homologada: "Agüentamos muito tempo com paciência, mas não vamos aceitar ver índio tombar [morrer] de graça".

O CIR quer o apoio do governo federal na implantação de projetos de desenvolvimento sustentável em benefício das comunidades da Raposa Serra do Sol. Segundo o conselho, vivem na área de 1,7 milhão de hectares 18.992 índios divididos em 194 aldeias. Mas nem todos defendem a retirada dos arrozeiros. Aproximadamente um terço deles, pelos cálculos do CIR, participam de associações dissidentes ligadas aos agricultores.

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