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Consciência abre novos mercados

OESP, Vida, p. A25
Autor: SCHWARZENEGGER, Arnold
06 de Mai de 2007

Consciência abre novos mercados

Artigo: Arnold Schwarzenegger

O aquecimento global não é algo sobre o que estamos fantasiando. É real. A ciência está consciente disso.

O nosso papel como governo é estabelecer limites para as emissões de carbono, e cabe à indústria imaginar de que forma ela quer obedecer a esses limites, seja por meio de novos tipos de bateria, de novas misturas de combustíveis ou de combustíveis totalmente novos. Um grande desafio é convencer nosso próprio governo em Washington não apenas de que ele tem de agir, mas também liderar. Os Estados Unidos representam só 5% da população mundial, mas somos responsáveis por 45% das emissões automotivas de carbono no mundo.

Estou consciente de que, à medida que avançamos nessa estrada, temos de proteger os empregos e a economia assim como o meio ambiente. Não precisamos escolher entre um e outro. Podemos fazer ambos. Isso já foi comprovado a curto prazo - aprovamos leis ambientais rigorosas na Califórnia e, mesmo assim, o Estado saiu da beira da falência com um sólido crescimento econômico que tem gerado centenas de milhares de empregos nos últimos dois anos. Agora as empresas estão voltando para a Califórnia, e não indo embora.

Num prazo mais longo, a exigência da população de que o meio ambiente seja limpo e que o aquecimento global seja detido está abrindo novos mercados para a tecnologia verde e limpa. Por causa disso, as empresas estão se transformando nas maiores impulsionadoras da causa ambiental em vez de suas inimigas.

Um exemplo - a Tesla Motors criou um novo carro 100% elétrico que pode rodar cerca de 320 quilômetros sem precisar recarregar. Além disso, é capaz de desenvolver uma velocidade de 210 km/h e ir de 0 a 100 quilômetros em quatro segundos. Poderia vence qualquer Porsche.

O problema é que, muito freqüentemente, os carros com consumo eficiente de combustível tem um design ruim. Eles não são tão bonitos. Não são o tipo de carro que o Exterminador dirigiria! Como eu, muita gente quer um carro esportivo, elegante e com câmbio manual. Mas também queremos que seja verde.

O importante é que o setor pode mudar sua tecnologia para ser limpa e amigável ao meio ambiente. Podemos ter um carro grande e potente como o meu Hummer, e uma mãe que quer seus filhos seguros pode dirigir um veículo utilitário esportivo, com emissões de carbono zero.

Em resumo, a tecnologia existe. A demanda existe. Se o governo assumir o comando, os investimentos o seguirão, as empresas o seguirão e os empregos surgirão. É dessa forma que devemos lidar com o aquecimento global em vez de fazer as pessoas se sentirem culpadas, dizendo-lhes para reduzir o tamanho de seus carros.

É claro que se as pessoas quiserem carros menores, isso é ótimo, mas precisa ser uma escolha delas.

Se nosso exemplo na Califórnia conseguir sacudir suficientemente o governo federal para acordá-lo, então os próprios EUA podem assumir o comando. Isso, naturalmente, terá um impacto muito maior. Se a liderança vier de Washington, então há uma chance muito maior de trazer para nosso rebanho a Índia e a China, que logo será a maior emissora de gases de efeito estufa do mundo.

A liderança americana e a relação com a China são cruciais no tratamento do problema do aquecimento global. A China está pondo em funcionamento centenas de novas usinas que queimam carvão porque está faminta de energia. Por que eles precisam de tanta energia? Porque estão produzindo mercadorias para expedir para os consumidores americanos.

Temos de compreender que cada produto que compramos da China é confeccionado com combustível sujo. Creio que, no futuro, vamos tratar países que produzem mercadorias sem levar em conta o meio ambiente da mesma forma como lidamos com países que violam os direitos humanos e que têm fábricas quase escravizadoras. Na qualidade de consumidor final, os Estados Unidos têm muito poder neste aspecto.

O aquecimento global tem apresentado um duro desafio para a humanidade. Uma vez que todos nós compartilhamos do mesmo planeta e respiramos o mesmo ar, seja qual for nossa nacionalidade e convicção política, só faz sentido trabalharmos juntos.

Transformar a crise climática numa oportunidade - para investimentos, tecnologia limpa e verde e empregos - é uma questão de liderança.

Arnold Schwarzenegger É governador da Califórnia. Seu comentário foi adaptado pelo Global Viewpoint de observações que ele fez a um comitê de cientistas na Conferência Global do Milken Institute, em Los Angeles

OESP, 06/05/2007, Vida, p. A25

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