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Congelamento de gastos não afetará Calha Norte

A Crítica - Manaus - AM
21 de Mar de 2001

SÃO GABRIEL DA CACHOEIRA, AM (AE) – O ministro da Defesa, Geraldo Quintão, não acredita que o congelamento de gastos do Governo previsto para os próximos meses vá afetar o programa Calha Norte com corte de recursos.
Criado no Governo do ex-presidente José Sarney e incrementado no último ano, o programa prevê a ocupação das fronteiras da Amazônia. Este é um projeto prioritário do Governo, disse o ministro, ao lembrar que o presidente Fernando Henrique Cardoso reiterou isso. Quintão, que se encontra em visita de quatro dias à região, informou que o ministério dispõe de R$ 15,8 milhões para dar início aos trabalhos previstos para este ano. Esses recursos correspondem à metade do que foi destinado ao programa em 2000.
A expectativa do ministro, no entanto, é de que sejam liberados pelo menos R$ 20 milhões, apesar do congelamento de recursos que a área econômica planeja fazer nos próximos dois meses, para não aumentar os gastos do Executivo. O ideal seria chegarmos ao mesmo valor do ano passado - R$ 30 milhões, acrescentou ele.
Ao discursar em São Gabriel da Cachoeira, um dos sete pontos da fronteira que visita até hoje, Quintão reforçou a necessidade de executar o Projeto Calha Norte. Não é caridade, é ação de Governo, de Estado, afirmou. Em Brasília tem-se uma visão pessimista do Brasil, comentou, numa referência indireta às crises políticas que assolam a capital e que ele considera distantes da realidade do País. O resto do País tem interesses maiores, observou, ao lembrar que hoje, no Congresso, há uma consciência de que o Calha Norte é vital para o Brasil, assim como o Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam).
Os militares admitem que pelo menos dois fatores foram determinantes para uma mudança de mentalidade dos diversos setores em relação à região: a cobiça e o interesse de diversos países pela Amazônia e a necessidade de reforçar as fronteiras por causa da ameaça de invasão do narcotráfico, principalmente depois do anúncio da execução do Plano Colômbia.
Há uma preocupação muito grande também com o aumento do turismo de estrangeiros na região. A Amazônia não pode ser vista como local de turismo, avisou o ministro, afirmando que a presença das Forças Armadas nos mais diversos pontos é a garantia da soberania. Em julho, Quintão quer levar à região entre 30 a 40 parlamentares, de todos os partidos, para conhecer de perto o Calha Norte e os sensibilizar a ajudar a Defesa a brigar por mais recursos no Congresso e junto à equipe econômica, além de obter apoio político para evitar o contingenciamento das verbas.
Em 2000, a mesma estratégia lhe rendeu emendas no orçamento e verbas suplementares que permitiram que o recurso inicial de R$ 5 milhões fosse elevado em seis vezes, ao fim do ano. Este ano, o orçamento inicial foi de R$ 5,2 milhões, mas o ministério tem em mãos R$ 15,8 milhões.Os militares desenvolvem neste ano um trabalho mais de perto com os prefeitos para que os municípios façam projetos detalhados. Esta é uma das formas de permitir-se que eles possam conseguir a aprovação de programas para as regiões.

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