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Conflito entre Trukás e PM tem início em 1999, diz antropóloga

Radiobrás-Brasília-DF
Autor: Danielle Coimbra
13 de Jul de 2005

Não são fatos isolados a morte dos índios truká Adenilson dos Santos Vieira e Jorge Adriano Ferreira Vieira, no último dia 30, e a prisão de Aurivan dos Santos Barros, o Neguinho Truká, desde a última segunda-feira (11), no município de Cabrobó, em Pernambuco. "O conflito entre os indígenas e a Polícia Militar começou em 1999", afirma a antropóloga e educadora do Centro de Cultura Luiz Freire, Caroline Mendonça, que acompanha os índios em Cabrobó.

Em 1999, os Truká conseguiram que os 124 posseiros residentes saíssem das terras consideradas tradicionais da Ilha de Assunção, uma área de 6.200 hectares. Cerca de 3.500 índios dessa etnia vivem hoje na ilha.

"A partir desse fato, a polícia e o procurador começaram a expedir vários processos de mandado de prisão contra as lideranças truká, acusando-as de roubo de gado e formação de quadrilha", relata a antropóloga. "A formação de quadrilha, a que eles se referem, é a organização social do povo, reconhecida pelo artigo 231 da Constituição Federal como o direito dos índios de se organizarem."

Caroline Mendonça explicou que, desde 1999, os índios tem sido alvo de violência por parte da Polícia Militar que atua no município. "Cabrobó é uma região de tráfico de drogas, e na desculpa de estar combatendo o tráfico, eles espancavam os índios como se eles participassem dessa atividade", analisa Segundo ela, quando os Truká retomaram as terras, toda a plantação de maconha que existia na região - "cultivada pelos fazendeiros" - foi destruída em conjunto com a Polícia Federal.

Neguinho Truká continua preso na delegacia de Salgueiro, em Pernambuco. Ele aguarda pedido de habeas corpus feito pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) do Nordeste ao Superior Tribunal de Justiça, em Brasília.

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