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Conferência Internacional aponta os caminhos para o Ensino Superior Indígena

Site da Funai -Brasília-DF
29 de Set de 2004

"O investimento de mais de um milhão de reais na Educação Escolar Indígena mostra o compromisso da Fundação Nacional do Índio, sobretudo, com a formação específica dos professores indígenas, que refletirá, com certeza, na melhor qualidade de ensino nas aldeias." Com essa afirmação a Coordenadora-Geral de Educação da FUNAI, Maria Helena Fialho, saudou os participantes da I Conferência Internacional Sobre Ensino Superior Indígena, aberta no último dia 24 no auditório da Universidade Estadual do Mato Grosso, Campus de Barra do Bugres, a 150 km de Cuiabá. Durante três dias, com a representante do Projeto de Bolsas de Pós-Gradução da Fundação Ford, Fúlvia Rosemberg, professores e pesquisadores de sete países, especialistas em educação indígena, lideranças e estudantes indígenas estiveram reunidos para relatar suas experiências na busca da construção de novos paradigmas para a educação superior indígena.

O representante do Ministro da Educação, Ricardo Henrique, da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, ressaltou a importância encontro por ter hoje, no Campus de Barra do Bugres, 38 povos em sala de aula: "A perspectiva do MEC é a valorização da diferença da identidade, para que ocorra uma mudança na agenda social do país, pois só assim estaremos pagando uma dívida histórica com os povos indígenas.". Para ele, a reforma do ensino superior é uma articulação para garantir acesso, permanência e sucesso dos estudantes indígenas à universidade pública e privada. E isso, afirmou Ricardo Henrique, só será possível e se for possível desenhar os instrumentos para mudar a agenda da Educação Superior Indígena, não só para o Mato Grosso, mas para todo o país.

Para o coordenador do Terceiro Grau Indígena da Unemat, Elias Januário, a Conferência foi a concretização de um grande sonho de vários parceiros, gestado durante dois anos. "A demora foi porque queríamos fazer tudo, com respeito às diferenças. Vivemos um momento histórico e sei que algo importante vai acontecer: a troca de experiência. Pela primeira vez estamos todos reunidos, isso quer dizer, todos que estão empenhados em contribuir com a educação escolar indígena. Essa conferência marca a abertura de novos paradigmas para caminhar adiante e tirar das experiências que foram propostas, diretrizes para formação uma política de ensino superior para esses povos, para o Brasil", afirmou o coordenador.

Por um mundo melhor

As perspectivas de um mundo melhor, por meio da Educação, têm sido uma das bandeiras e a esperança do movimento indígena, principalmente da organização dos professores. Chiquinha Paresi, como é conhecida no movimento indígena, é aluna de pós-graduação de Políticas Educacional e sabe quão é importante a educação no processo de discriminação: "Atualmente, com o fortalecimento das organizações indígenas estamos buscando sensibilizar o Estado para que leve em consideração o humanismo. Só assim poderemos sonhar com um futuro mais digno,. Mas para isso temos que estar unidos, índios e não índios e que os nossos representantes ponham em prática o "tal" Direito dos Povos Indígenas. Então, teremos certeza e garantia, que nossos filhos, netos e bisnetos vão dar continuidade à nossa cultura, ampliando e difundindo cada vez mais, os nossos horizontes, mas sem deixarmos de ser considerados " Povos Indígenas do Brasil." Afirmou Chiquinha.

Rony Walter Azeoinaycie Paresi, 27 anos, professor, acadêmico do Terceiro Grau Indígena e presidente da Organização de Professores Indígenas de Mato Grosso, destacou a importância da Conferência. Conforme afirmou, ela foi resultado de discussões feitas com o objetivo de elaborar uma política educacional para os povos indígenas, não só do Brasil, mas de outros países. Segundo ele, a Conferência veio consolidar as experiências de Educação Escolar Indígena, que se traduzem na necessidade de elaboração de projetos futuros para que realmente possam ter êxitos as experiências feitas com esse objetivo. "E isso está ocorrendo por ter a participação direta dos professores e lideranças indígenas", salientou.

Muito se avançou na aplicação das políticas públicas de educação direcionadas aos povos indígenas. A Coordenadora-Geral de Educação da Funai, Maria Helena Fialho, avalia, no entanto, que o reconhecimento das diferenças dos povos indígenas por si só não contempla as diferentes prioridades desses povos quanto ao acesso ao ensino superior, embora haja pleitos comuns. Por isso, afirmou Maria Helena, fazendo coro aos reclames dos participantes da Conferência, é necessário que haja uma reforma universitária que, além de considerar as diferenças dos povos indígenas, considere também as diferenças das universidades brasileiras. "Só assim se poderá ter idéia das suas necessidades quanto à capacitação de seu pessoal ou até mesmo da necessidade de novos profissionais a serem contratados ", finalizou..

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