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Concertação faz compilação inédita de dados sobre Amazônia

Valor Econômico - https://valor.globo.com/brasil/noticia
Autor: CHIARETTI, Daniela
23 de Fev de 2021

Concertação faz compilação inédita de dados sobre Amazônia
Hub de dados sobre os nove Estados da Amazônia Legal procura dar visão integrada da região
Por Daniela Chiaretti - De São Paulo
23/02/2021

Na Amazônia Legal existem 808 municípios onde vive a maioria das 29,3 milhões de pessoas da região, ou 14% da população do Brasil. Os nove Estados registram PIB superior a R$ 620 bilhões, o que é 9% do PIB nacional. É no Pará onde ocorre o maior número de homicídios. Roraima, por sua vez, alcançou a maior pontuação no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. Esta fotografia fragmentada ganha visão integrada amanhã, com o lançamento de uma plataforma pioneira reunindo 113 indicadores em 11 temas - de demografia a educação, de economia a infraestrutura, do saneamento à saúde, com lente local e possibilidade de fazer projeções até 2030.
O hub de dados sobre a região é uma iniciativa inédita que pretende oferecer elementos fundamentais para os gestores públicos. A "Amazônia Legal em Dados" é iniciativa da Concertação pela Amazônia, rede de cerca de 250 lideranças empresariais, acadêmicas e ambientalistas, entre outras, e será lançada em webinar.
A plataforma foi pedida pelo Consórcio de Governadores da Amazônia Legal. Os dados amazônicos são dispersos em muitas fontes e desiguais conforme a área. Embora seja mais fácil encontrar informações ambientais, dados socioeconômicos, por exemplo, são difusos.
A plataforma, desenvolvida pela Macroplan, organiza estes cenários, permite comparar indicadores com o restante do país, entre Estados e municípios e mostrar desempenho por períodos. Faz, também, leituras dos maiores desafios das cidades e Estados. As informações retrocedem em 10 anos e permitem projeções para 2030.
"Estes números procuram ajudar os protagonistas da região a se compreender, a negociar projetos, a estabelecer parcerias", diz Francisco Gaetani, membro da Concertação e professor da Escola de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas (Ebape-FGV) e fellow do Instituto Arapyaú. "Esses dados são os que estão disponíveis. É claro que são aproximações da realidade.
Mas esperamos que ajudem a elencar prioridades". "Não se vai construir uma agenda de desenvolvimento para a região chorando miséria. Não se vai resolver os problemas desta forma, jogando a lente só sobre os problemas, que existem, claro", continua. "Precisamos de uma agenda de desenvolvimento, estruturada, qualificada e negociada com a região." "A Concertação tem feito muita produção de conhecimento", diz Renata Piazzon, secretária-executiva da aliança entre vários setores da sociedade que foi formada em 2020. "O hub é o primeiro passo concreto", diz.
É preciso construir uma visão mais pró da região", diz Gaetani, que defende uma abordagem mais positiva e menos voltada aos problemas amazônicos. "Um cenário onde a agenda mais dolorosa, que é a agenda do comando e controle, seja inserida no contexto de uma abordagem maior e positiva", continua. "A Amazônia são muitas. Não há uma única solução. É um processo." Gaetani, que foi secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente na gestão da ex-ministra Izabella Teixeira, diz que a grande heterogeneidade da Amazônia Legal exige uma abordagem com "muita sensibilidade, empatia e respeito".
Ele diz que os dados são fundamentais para a Amazônia, "mas a discussão real é a fala da região". A Concertação é um processo de "aprendizado acumulativo", de apoiar a região através do compartilhamento de visões e da "construção de sinergias". O hub Amazônia Legal em Dados vai neste rumo. "Ou qualificamos a ocupação da região, discutimos um modelo, as oportunidades de investimento à luz dos princípios de sustentabilidade, ou a realidade vai seguir o seu curso, segue.
Em sua visão, Gaetani acredita que a Amazônia não mudará sem projetos e investimentos em escala. "É preciso lidar com os grandes investimentos, as obras de infraestrutura, as grandes mineradoras, as obras de logística e ter uma conversa mais estruturada com a pecuária e a agricultura. É preciso conversar sobre isso", defende. ""Não há ambientalismo ou pressão internacional que detenha a marcha da ocupação", diz, deixando claro que esta é sua visão e não da Concertação. "Isso irá acontecer, com ou sem planejamento", alerta.

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