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Comunidades querem montar agroindústria em área indígena

Folha de Boa Vista-RR
05 de Jun de 2002

Os índios macuxi, wapixana e taurepang da comunidade Nova Esperança, cerca de três quilômetros depois de Pacaraima, querem passar a produzir em sistema de agroindústria com a implantação de um pólo de beneficiamento da mandioca. Pelo projeto, serão aproveitados 200 hectares no primeiro ano, passando para 500 a partir do terceiro ano e atingindo o patamar de mil hectares a partir do quarto ano.
Eles querem produzir em escala comercial farinha e massa de mandioca, farinha de tapioca e outros subprodutos que podem ser explorados comercialmente por uma cooperativa de produção.
Para montagem do sistema de agroindústria, a comunidade está articulando parceria com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) com intuito de aproveitar as pesquisas e a tecnologia disponíveis, bem como a assistência técnica da instituição. A comunidade necessitará do Estado no apoio em infra-estrutura para o fornecimento de energia, usina de beneficiamento e estocagem.
Pretendem constituir uma cooperativa de produção para gerenciar o sistema de produção da matéria-prima e dos produtos a serem comercializados, além da assistência técnica e do fundo de aval para empréstimo junto às instituições financeiras.
Os idealizadores do projeto querem que o Governo do Estado assuma o compromisso de inicialmente fazer a compra de parte da produção para usar na merenda escolar da rede estadual de ensino. A renda obtida na comercialização dos produtos será destinada às famílias da comunidade envolvidas no projeto.
Segundo o diretor do Programa de Desenvolvimento Auto Sustentável da Comunidade Indígena Nova Esperança (Pronesp), Alfredo Silva, a agroindústria está prevista para funcionar no máximo no final do ano.
Enquanto isso, está sendo realizado estudo visando viabilizar a execução do projeto. Segundo Alfredo Silva, a comunidade hoje tem 25 famílias, mas poderão ser beneficiadas cerca de 50 ao redor da comunidade. "A partir da agroindústria outros trabalhos vão ser desenvolvidos como criação de porco, galinha, aves entre outros projetos agregados ao povo com geração alimentar", disse.
Alfredo Silva explicou que a comunidade está atingindo um processo de amadurecimento e tem absoluta consciência de que a sua autonomia passa pelo fortalecimento de sua economia, saindo das amarras da atividade de subsistência e a sub-utilização da terra. "Temos terra e mão-de-obra, portanto, só nos falta apoio adequado, capacitação e recurso para produzirmos", frisou.

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