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26 de Jun de 2017
Representantes da comunidade quilombola Santana do Baixo Jambuaçu, no município de Moju, onde a líder Maria Trindade da Silva Costa, 68 anos, foi assassinada, estiveram nesta segunda-feira (26), na Assembleia Legislativa do Pará, em Belém, para cobrar apuração rigorosa do crime.
"Muitas lideranças são levadas a morte por questão de conflito, mas a investigação sempre aponta pra outro lado. Por isso a gente está aqui pra acompanhar e cobrar do estado providências em relação à investigação", diz Aurélio Borges, coordenador da Associação de Comunidades Quilombolas.
Familiares de Maria Trindade também integraram o grupo. "Ela estava muito machucada, com hematoma no abdome e o punho quebrado", diz Iraneide Trindade, prima da vítima.
Eles foram recebidos pelo deputado estadual Carlos Bordalo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor da Alepa. Com a morte de Maria Trindade, sobe para 19 o número de assassinatos de trabalhadores rurais no Pará somente em 2017.
O crime
Durante a reunião, os representantes da comunidade manifestaram luto e indignação. Eles contaram que, na sexta-feira (23), Maria Trindade estava torrando farinha, depois voltou para o roçado e, em seguida, saiu de bicicleta, como era de costume. No dia seguinte, como ela não havia retornado, começaram a procurá-la, e que foi o próprio filho quem encontrou o corpo da vítima.
"Nossa comunidade nunca havia passado por isso. Ela era muito querida por todos, era uma rainha para nós", disse a quilombola Maria Olinda. "Ainda estamos em choque, é muita tristeza. Por isso viemos pedir ajuda para que haja Justiça, para que descubram quem fez isso", completou. Maria Trindade deixou seis filhos e seis netos. O marido tem 72 anos e é deficiente físico.
Feminicídio
"Esta é uma área de grande tensão social, especulação e disputa. Nos cabe estar atentos e mobilizados para cobrar da Polícia Civil uma investigação rigorosa. É preciso saber o que ocorreu, quem foi o causador de tamanha violência simbólica e política contra o povo quilombola", disse Carlos Bordalo.
O parlamentar ressaltou que os conflitos socioambientais com base em interesses econômicos estão se acirrando no Pará, retornando com força a estratégia de eliminação de lideranças. "É preciso atentar, ainda, para o forte teor de feminicídio destes casos. Já são três lideranças mulheres assassinadas, somente em 2017: Kátia Martins, que liderava o assentamento 1o de Janeiro, em Castanhal; Jane Oliveira, em Pau D'Arco, executada à queima-roupa com tiro na cabeça; e, agora, a companheira Maria Trindade, assassinada covardemente".
Cerca de 47 famílias vivem na comunidade Santana do Baixo Jambuaçu. Na próxima quinta-feira (29), a Comissão de Direitos Humanos da Alepa fará uma diligência à comunidade para apurar melhor os fatos e prestar solidariedade à família da vítima.
http://g1.globo.com/pa/para/noticia/comunidade-do-moju-cobra-rigor-na-i…
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