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Compromissos do G-8

CB, Opinião, p. 20
09 de Jul de 2008

Compromissos do G-8

A decisão do G-8, grupo dos sete países mais ricos do planeta e a Rússia, de trabalhar para reduzir em 50% a emissão de CO2 até 2050 insere expectativa nova no processo de despoluição mundial da atmosfera. Está aí o resultado mais expressivo da cúpula formada por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Reino Unido, Itália, Japão e Rússia, reunida em Tóquio. Constituiu convergência de vontades costurada pelos europeus mediante iniciativa da Comissão Européia. O maior avanço, contudo, deu-se com o apoio do presidente George W. Bush à efetivação do entendimento, correspondente a quebra de resistência histórica.
Mas, antes que o acordo seja implementado, haverá negociação abrangente da comunidade internacional para a elaboração de pacto destinado a substituir o Protocolo de Kyoto. Após 11 anos da assinatura da convenção, sem a participação de Estados Unidos e Austrália, não lhe resta quase nenhuma possibilidade de que venha a ser cumprida até o termo final (2012). Daí as negociações lideradas pela ONU, que devem ser concluídas em 2009 na Dinamarca em torno de nova estrutura de combate ao aquecimento global. Kyoto estabelecera que a saturação do meio ambiente por agentes responsáveis pelo efeito estufa deveria retroagir a 5,2% abaixo dos níveis anotados em 1990.
Portanto, será a negociação multilateral da ONU que fincará o marco mais confiável para as ações preservacionistas admitidas pelo G-8.
Em Kyoto, os emergentes, entre os quais o Brasil, a China e a Índia não tiveram metas a cumprir. Mantiveram-se à margem do protocolo ali firmado com o argumento de não interromper o processo de crescimento. Na hipótese de vingar a substituição do Protocolo de Kyoto por salvaguardas mundiais sob patrocínio da ONU, não há como marginalizar os emergentes sob pena de substituírem os Estados Unidos na condição de vilões da degradação ambiental.
Outro dado importante lançado no tabuleiro das expectativas mais favoráveis se expressa na disposição das grandes potências, inclusive os Estados Unidos, de se filiarem também a metas intermediárias antes das previstas para 2050. Nem tudo, porém, sinaliza no sentido de que, afinal, o mundo acordou para a progressiva destruição que o ameaça e expõe a risco a própria viabilidade da vida na Terra. O caminho é longo e semeado de ciladas complexas.
A posição do presidente Bush de apoio à meta de 2050 ressalva que as grandes potências não podem lidar sozinhas com o problema dos gases do efeito estufa. O recado se destina, sobretudo, à China e à Índia, os dois países que, com os Estados Unidos, respondem por 50% dos dejetos poluidores lançados ao espaço exterior. Mais que a outras instâncias não institucionais da ordem internacional, cabe à Casa Branca convencer os parceiros de destruição a respeitarem o ajuste da Cúpula do G-8.

CB, 09/07/2008, Opinião, p. 20

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