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Comissão Pró-Yanomami promove a terceira edição do curso de intercâmbio para professores yanomami nas aldeias Makuxi e W

CCPY-Boletim Yanomami- 42- Boa Vista-RR
05 de Set de 2003

A Comissão Pró-Yanomami (CCPY) realizou, no primeiro semestre, a terceira edição do curso de intercâmbio lingüístico e cultural para professores yanomami em formação para o magistério indígena, dentro do seu Programa de Educação Intercultural (PEI), financiado pela Fundação Rainforest da Noruega. A novidade desta edição do curso foi o aumento do número de participantes, que passou de 10 para 21. Pela primeira vez, o curso contou com professores Yanomami das regiões do Baixo Catrimani, Surucucus, Auaris, Homoxi e Catrimani I, o que mostra a expansão do atendimento do projeto desenvolvido pela CCPY. Desta vez, os participantes visitaram aldeias dos Macuxi e Wapixana, povos indígenas que têm uma longa história de resistência às invasões dos seus territórios tradicionais e às agressões físicas e culturais advindas do contato com a sociedade regional. Os Macuxi ainda lutam pela homologação do seu território tradicional, a Terra Indígena Raposa/Serra do Sol.
O intercâmbio, coordenado pelo consultor Martin Charles Nicholl, com duração de dois meses, objetiva facilitar o domínio oral e funcional do português dos professores Yanomami. Tem também por finalidade fortalecer o intercâmbio entre os povos indígenas de Roraima, bem como introduzir os docentes yanomami a atividades de pesquisa como meio autônomo de adquirir conhecimento. Procura também levar aos participantes informações sobre as formas de organização social e política de outros povos indígenas para a defesa de seus direitos.
Embora tenham suas terras demarcadas e homologadas, os Yanomami não estão livres de violações dos seus direitos territoriais, pois ainda sofrem invasões e degradações ecológicas por parte de colonos, madeireiros e fazendeiros. Acrescente-se a isso o fato de que quase 60% da Terra Indígena Yanomami é objeto de interesse de empresas mineradoras que têm pressionado o Congresso Nacional para que aprove legislação favorável ao seu ingresso em áreas indígenas.
Consolidar a alfabetização dos Yanomami, primeiro na sua língua materna e depois em português, é a maneira mais adequada e eficiente de lhes dar acesso a um conhecimento mais abrangente do mundo exterior e de intensificar sua comunicação com outros grupos indígenas, propiciando, desse modo, uma ação política conjunta em defesa dos seus direitos e interesses comuns.
Na avaliação do coordenador do curso de intercâmbio, houve um salto qualitativo no domínio do português como segunda língua pelos professores Yanomami, o que aumentou consideravelmente sua capacidade de comunicação e de interação com a sociedade nacional. Face a resultado tão positivo, o coordenador propõe a continuação desse intercâmbio, de modo que todos os professores yanomami vinculados ao Programa de Educação da CCPY possam usufruir dessa experiência.

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