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Comissão do Judiciário visita Uiramutã

Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
09 de Mai de 2004

Depois que a prefeita de Uiramutã, Florany Mota (PT), disse para a desembargadora Selene Maria de Almeida que a vida de todos os moradores estava em suas mãos, a desembargadora respondeu: "Vocês estão nas mãos de Deus". O curto diálogo aconteceu minutos antes de começar a reunião com as lideranças indígenas.

A comissão de integrantes do Poder Judiciário esteve no município de Uiramutã para conhecer a realidade local e da faixa de fronteira norte, assim também como avaliar o valor estratégico e os principais problemas da região. A visita foi estendida a reuniões com líderes indígenas, uma vez que a desembargadora é a relatora do processo que decidirá sobre a liminar do Juiz Federal de Roraima Helder Girão Barreto, que suspeito, em parte, a demarcação da reserva Raposa/Serra do Sol em área única.

A primeira reunião da comissão foi com o Comando do Exército na Amazônia, que aconteceu no 6o Pelotão de Fronteira. A imprensa não teve acesso às discussões. Em seguida, foi estabelecido tempo de 40 minutos para cada reunião com lideranças indígenas do Uiramutã e das áreas que ficam na Raposa /Serra do Sol, com a finalidade de ouvir as opiniões daquelas comunidades a respeito da homologação da área, que deverá ser decidida pelo presidente Lula nos próximos dias.

ENCONTRO - A reunião com lideranças do município de Uiramutã, que são contrárias à demarcação em área contínua, ocorreu na Escola Padrão Joaquim Nabuco, reunindo em torno de mil pessoas no pátio da escola.

Na abertura, um grupo de meninos indígenas recepcionou os visitantes cantando o Hino de Roraima na língua Macuxi e presentearam o ministro do Supremo Tribunal Federal, Fernando Gonçalves, com um filhote de tartaruga que foi devolvido após o evento pelo ministro.

A prefeita Florany Mota falou da importância da vinda da comissão para verificar in loco e ouvir as opiniões daqueles que têm interesse na demarcação em ilhas. Ela frisou a importância de todas as comissões que vieram ao Estado, mas principalmente desta formada por membros do Judiciário para a decisão final sobre a homologação.

O vice-prefeito José Novaes, em seu discurso, destacou que a demarcação em área continua estaria atendendo a interesses internacionais. Frisou a importância da presença do Exército no município na área para a segurança da fronteira de Roraima.

Disse que não existe uma contrariedade à homologação em área contínua, mas que seria contra a forma que estão querendo fazê-la. Segundo o vice-prefeito, uma vez demarcada em área contínua, os direitos político e civil dos índios estariam sendo podados.

Outros tuxauas também foram chamados a exporem suas opiniões e foram unânimes em afirmar que a presença dos rizicultores não afeta a cultura dos povos indígenas contrário à demarcação em área única.Também enfatizaram um possível derramamento de sangue caso a homologação não satisfaça a vontade de todos.

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