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Comercio de animais aumenta risco

O Globo, Ciencia e Vida, p.44
25 de Jan de 2004

COMÉRCIO DE ANIMAIS AUMENTA RISCO
ONGs propõem leis mais rígidas para impedir disseminação de doençasUm grupo de ONGs de dez países, entre eles o Brasil, se reuniu para fazer um alerta: é preciso criar leis mais rígidas e intensificar a cooperação internacional para controlar o comércio mundial de animais silvestres. De acordo com os cientistas ligados às ONGs, se esse mercado não for controlado mais rigidamente, novas doenças letais como a Aids, a superpneumonia e a gripe do frango surgirão com cada vez mais freqüência.Reunidas sob o nome Wildlife Trust Alliance, as ONGs fizeram o alerta em Bangalore, na Índia, onde estiveram reunidas na semana passada.— Boa parte dos animais silvestres encontrados em lojas e em mercados de alimentos carregam vírus e parasitas que podem provocar doenças em humanos — afirmou Cláudio Pádua, da ONG brasileira Ipê, integrante do grupo. — E a maioria dos animais não é examinada.Os cientistas de ONGs de Estados Unidos, Argentina, Brasil, Cuba, Guatemala, Indonésia, México, Sri Lanka e Venezuela apresentaram diversos exemplos de doenças disseminadas pelo comércio de animais silvestres.Aids e Ebola teriam origem em macacosA síndrome respiratória aguda grave, que surgiu em novembro de 2002 na China, se espalhou por diversos países, matando 770 pessoas e causando um prejuízo estimado em US$ 50 bilhões. Os cientistas acreditam que a civeta, um animal silvestre consumido como iguaria na China e vendido sem controle em mercados, seja a origem da enfermidade.Cientistas também acreditam que a origem de doenças como a Aids e a febre do Ebola estejam relacionadas ao consumo de carne de macaco, comum em países da África. De acordo com dados reunidos pelos especialistas, somente nos Estados Unidos mais de sete milhões de iguanas, cobras, lagartos e outros répteis são criados dentro das casas como bichos de estimação.Estima-se que 90% desses animais carreguem consigo a salmonela, uma bactéria que causa infecção intestinal sobretudo em crianças e idosos. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA registra, anualmente, 90 mil casos de infecção intestinal contraída de répteis criados como bichos de estimação.— Boa parte desse comércio é ilegal e deve ser banido, claro — afirmou Pádua.Estima-se que o comércio ilícito de animais movimente US$ 6 bilhões por ano e seja uma das atividades criminosas mais lucrativas do mundo, perdendo apenas para o tráfico de drogas. — Não estamos propondo o fim do comércio de animais silvestres até porque muitas comunidades dependem dele. Mas é preciso haver mais controle — acrescentou Pádua. — Estamos chamando a atenção para a necessidade de trabalhar com prevenção para evitar problemas que podem ter conseqüências fatais para a Humanidade.Os especialistas lembraram ainda que a comercialização sem controle de animais silvestres está levando diversas espécies à extinção na natureza.Animais domésticos também disseminam doençasDoenças letais a seres humanos podem se disseminar também por meio de animais domésticos, como vem demonstrando a recente epidemia de gripe de aves, que já atingiu Vietnã, Japão, Coréia do Sul, Camboja e Tailândia, provocando a morte de pelo menos cinco pessoas e de milhões de galinhas. Diversos países suspenderam a importação de frangos dos locais afetados pela epidemia.

O Globo, 25/01/2004, p. 44

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