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Comércio da fauna segue descontrolado

OESP, Vida, p.A18
05 de Nov de 2004

Comércio da fauna segue descontrolado
Redução detectada no comércio de animais silvestres indica que espécies podem estar em extinção

Karine Rodrigues

RIO - A quantidade de peixes ornamentais comercializados regularmente para o exterior caiu drasticamente, passando de mais de 26 milhões para 795 mil toneladas entre 1996 e o ano passado. O que parece ser uma boa notícia, já que o Brasil é sabidamente um país muito procurado nesse tipo de comércio, esconde um drama ainda maior: o extrativismo descontrolado de espécies para a exportação.
Para o IBGE, a redução no comércio de exemplares da fauna brasileira é um forte sinal da extinção local de espécies causada por uma retirada exagerada de animais do meio ambiente. Embora reconheça que o número de criadouros de animais silvestres no País cresceu muito nos últimos anos, os pesquisadores do IBGE observam que a maioria dos peixes ornamentais e répteis exportados legalmente para o exterior é extraída de seu ambiente natural.
Tartarugas, jabutis e serpentes são os mais procurados. Enquanto os primeiros são usados como carne de caça, as últimas chamam a atenção de colecionadores e têm o veneno como grande atrativo. A cotação internacional do produto fica entre US$ 400 e US$ 30 mil por grama.
Para Dener Giovanini, coordenador-geral da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas), que forneceu dados para o IBGE, a situação é alarmante. O número de animais apreendidos no Brasil é insignificante perto da quantidade capturada ilegalmente na natureza.
MERCADO NEGRO
O País representa 10% do mercado ilegal de animais silvestres no mundo. Existem diversas razões para isso e as principais são que a fiscalização é deficiente, não tem recursos humanos nem materiais para atuar. "Também ocorre o fato de termos pouquíssimos locais de destino para os animais retirados dos traficantes", diz o coordenador.
Dener chama atenção para o fato de o brasileiro manter animais silvestres em casa como se fossem domésticos. "Isso ocasiona uma cumplicidade da própria sociedade com essa atividade ilegal. As estimativas apontam que uma cidade como São Paulo pode ter até 6 milhões de animais vivendo nas residências."
Para o IBGE, há uma carência generalizada de informações numéricas sobre o tráfico de animais silvestres no Brasil, dificultando uma real dimensão do problema.
Os dados anuais mais recentes trazidos pela pesquisa mostram que foram apreendidos quase 262 mil animais silvestres no período entre 1992 e 2000.

OESP, 05/11/2004, p. A18

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