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Começa missão humanitária na Amazônia

Amazonas em Tempo-Manaus-AM
06 de Abr de 2004

Começou ontem, em Tabatinga (AM), a 2.000 Km de Manaus, a mais ousada expedição para tentar detectar o tipo de doença que está matando os índios Matis, Marubo, Kanamari e Korubo, que vivem no Vale do Javari, uma região que ocupa 20,7 milhões de acres, às margens dos rios Ituí e Itaquaí, próxima à fronteira do Peru com a Colômbia. Composta por médicos radiologistas e levando para dentro das tribos uma sofisticada carga de equipamentos de diagnóstico por imagem, a Expedição Vale do Javari deixou Tabatinga ontem pela manhã e navegará aproximadamente cinco dias para chegar até à reserva onde vem ocorrendo um tipo de disseminação de uma doença aparentemente infecciosa, porém de etiologia ainda indeterminada, genericamente denominada Síndrome Febril Íctero-Hemorrágica.

- A doença representa uma das principais causas de morte entre as diversas etnias indígenas da região, e já matou cerca de 20 índios, de todas as idades, em 2003. Tem sido postulada para a doença a hipótese de superinfecção por hepatite por vírus B e Delta -, explica o radiologista Sérgio Brincas, o idealizador da expedição que está sendo patrocinada pela Divisão de Imagem da Kodak e Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR); e é liderada pelo Instituto Dunas e Ventos de Expedições Médicas e Esportivas, em parceria com o Departamento de Índios Isolados da Funai.

A expedição Imagem do Javari, que foi lançada quinta-feira, em São Paulo, deve durar oito semanas. Mas isso vai depender de fatores ambientais, de como a equipe será recebida pelas tribos e da extensão das intervenções necessárias em cada localidade.

A data entre abril e maio foi escolhida por coincidir com a estação das chuvas, permitindo o acesso mais fácil a essas áreas isoladas. "Na seca, os barcos não conseguem chegar à cabeceira do rio", explicou o dr. Sérgio Brincas durante o lançamento da expedição.

- As dificuldades de acesso à região são muitas. Mas o fato de montarmos a estrutura técnica dentro de um barco gerou vários problemas técnicos. Por isso a missão só poderá ser realizada com uma tecnologia muito moderna, que hoje existe na radiologia - explica o dr. Brincas, citando como exemplo o equipamento de raios-x, que é revelado de forma digital, acabando o problema de revelação de filme.

Não é só. Graças aos milagres da tecnologia, exames realizados em plena selva serão analisados a muitos quilômetros de distância. Isto porque o mesmo exame feito no meio da floresta poderá ser enviado imediatamente para dentro de um computador e, a partir desse computador, essas imagens podem ser transmitidas por um canal de satélite, armazenadas e discutidas com um centro de saúde maior ou mesmo com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), para que se chegue ao diagnóstico de cada indivíduo dentro da região.

- Para isso, estamos dispondo de equipamentos modernos e confiáveis - comenta Sérgio referindo-se ao sistema de Radiografia Computadorizada CR 500 da Kodak, considerado o mais compacto no mercado brasileiro, medindo apenas 64,5 cm X 62,2 cm x 65 cm. Para transmitir os exames, os médicos radiologistas da expedição utilizarão um equipamento ainda inédito no País: o Directview PACS System 5.

A expedição Vale do Javari não está singrando as águas dos rios Solimões, Javari e Itaquaí de forma desavisada. No período de 03 a 10 de janeiro, o radiologista Sérgio Brincas e a administradora Bia Boleman, fundadora da Duna e Ventos, empresa que está organizando a expedição, foram levados pelo sertanista Sidney Possuleo ao Vale do Javari com o objetivo de conhecer de perto a realidade da região, onde levantaram as condições de saúde na área indígena e os recursos da infra-estrutura de atendimento aos índios.

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